Taekwondo quer ser mais do que aventura de Anderson, diz brasileiro do Pan
José Ricardo Leite
Do UOL, em Toronto (CAN)
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Reprodução/Facebook
O taekwondo está em um bom caminho e precisa mais do que só a visibilidade momentânea que ganhou nos últimos meses por conta da não concretizada participação de Anderson Silva na seletiva para os Jogos do Rio-2016. Essa é a opinião de Guilherme Cezario Felix, 26 anos, um dos novos expoentes do esporte.
Ele era, em tese, o lutador da categoria que Spider eventualmente disputaria vaga na seletiva nacional. Após sua luta no Pan de Toronto, em que foi derrotado pelo argentino Sio Martin, nas quartas, o brasileiro disse que o esporte tinha expectativa de ir melhor em Toronto pela melhora recente, mas que o interesse do grande público tem que ser atraído de outras formas, e não só pelo burburinho não concretizado do astro do MMA.
"Não sei como foi para o esporte no alto rendimento, mas (o taekwondo) ganhou visibilidade. Não sei se em academia teve mais gente frequentando, isso eu não posso dizer. Teve mais espaço na mídia. Isso foi um ponto positivo. Depois ficou na dúvida de como seriam as coisas no alto rendimento e como seria levado. Acabou (a possibilidade de Anderson disputar seletiva) de forma repentina. O pessoal ainda está conhecendo o taekwondo, temos que levar de uma forma positiva isso."
"Em termos visibilidade foi boa até, mas, sinceramente com esse assunto fico meio nervoso, não sei se a gente precisa disso...foi bom o Anderson Silva, mas o nosso trabalho tem que ser mostrado, não uma pessoa chegar e dizer que vai disputar a seletiva e ai o esporte crescer por isso. O taekwondo tem que se organizar mais lá de baixo pra ter visibilidade maior, não só uma visibilidade momentânea", continuou.
O lutador despontou há quatro anos na Universíade e hoje está entre os 20 melhores do mundo, sendo o melhor brasileiro entre os pesados. Ele ressalta que a geração é boa, com novos nomes, e que com bom trabalho de captação de talentos na base o futuro pode ainda ser melhor. "O esporte está mais democrático e acessível, tem renovação e tem um novo taekwondo surgindo, tem uma safra nova e atletas bons surgindo. O Brasil tem tido bons resultados. Vamos trabalhar até o ano que vem nos nossos pontos fracos para melhorarmos até os Jogos de 2016", falou.
"Muitos lugares têm projetos sociais, seria essa a base. Mas muitas vezes esse trabalho é de projeto social. Cuba tem essa questão política de mostrar força pelo esporte. Uma coisa que acho interessante seria jogar mias esporte dentro da escola. Ainda é pouco. Não é só o governo, mas também juntar parceria privada pra fazer o projeto render", continuou.
Anderson Silva, 40, uma das maiores estrelas de todos os tempos do MMA, teve sua base nas artes marciais no taekwondo, modalidade na qual não pratica mais há muitos anos (lutou dos sete aos 17). De 2013 pra cá passou a aventar a possibilidade de disputar os Jogos Olímpicos de 2016 ao participar das seletivas brasileiras para uma vaga na categoria acima de 80 kg.
Eis que em abril deste ano o lutador e a Confederação Brasileira da modalidade (CBTKD) anunciaram que Spider participaria das seletivas. Depois de algumas semanas, a confederação reclamou do sumiço de Anderson, que, via seu empresário, avisou que tinha desistido da intenção. A confederação criticou o comportamento do lutador, já que ele havia manifestado interesse.
O taekwondo nacional terminou os Jogos de Toronto com duas medalhas de bronze, ambas entre as mulheres, com Raphaella Galacho, 25 anos, e Iris Silva, 24 ambas da nova geração.