Bicampeão olímpico fica fora da final do Pan: "Canadá não me dá sorte"

Bruno Doro

Do UOL, em Toronto (CAN)

  • AP Photo/Anja Niedringhaus

    Felix Sanchez foi bicampeão olímpico

    Felix Sanchez foi bicampeão olímpico

Felix Sanchez era, sem sombra de dúvida, o grande nome dos 400 metros com barreiras dos Jogos Pan-Americanos de Toronto. Pudera. Toda vez que entra na pista, ninguém consegue esquecer de suas duas medalhas de ouro olímpicas, de 2004 e 2012.

Mas o Felix que correu na manhã desta quarta-feira (22) na pista da Universidade de York, estava longe daquele atleta marrento que já era famoso no Brasil em 2003, quando ganhou o Pan-Americano de Santo Domingo e se tornou herói nacional. Aos 37 anos, ele se tornou mais professoral, sabe que é um modelo para os jovens atletas dominicanos e age como tal.

"Eu sabia que seria difícil chegar aqui, no Pan, para lutar por uma final. Estava com apenas 80% das minhas condições e, com isso, é complicado enfrentar os americanos ou os atletas das Bahamas, que estão muito rápidos. Mas estou feliz em estar aqui, me despedindo dos Jogos Pan-Americanos. O mais engraçado é que comecei aqui, em 1999, em Winnipeg, e saio agora, em 2015, em Toronto. Nos dois, fiquei sem medalha. Acho que o Canadá não me dá sorte", disse, sorrindo.

Em Toronto-2015, ele nem mesmo passou pelas eliminatórias. Seu tempo de 51s07 foi muito mais lento do que seu recorde pessoal, de 47s25, ou os tempos que marcou para subir ao pódio em suas duas finais olímpicas (47s63 – sim, ele fez o mesmo tempo em suas duas medalhas de ouro). "Estou me recuperando de uma série de contusões. Em toda a minha carreira, aprendi que um atleta precisa sempre se adaptar. Eu sigo caindo e me levantando. O esporte é assim. Cheio de altos e baixos".

O fim da carreira está próximo. Feliz já disse que pretende dar adeus para as pistas em 2017. Até lá, os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no ano que vem, são o grande objetivo. "Quero, muito, voltar a vencer no Rio. Deixar as Olimpíadas em grande estilo, com três medalhas de ouro. Mas, se não vier o ouro, aceito qualquer medalha. Acabar com um trio no peito seria especial".

Ninguém dúvida que ele pode conseguir algo assim. Principalmente depois de tudo o que passou na carreira. "Quando eu comecei a correr, a República Dominicana não tinha nem mesmo uma pista sintética. Eu era o único atleta do meu país em nível internacional. Hoje, temos grandes nomes no atletismo. Até uma equipe de revezamento a gente conseguiu formar. Eu me aposento em dois anos. Vou sair orgulhoso do que fiz e do que construí na minha carreira."

Sobre os brasileiros dos 400m com barreiras, só um deles passou pelas eliminatórias: Mahau Suguimati, que treina no Japão, se classificou para a final com o último tempo. O melhor foi o norte-americano Jeshua Anderson, com 49s73.

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