Técnica supermãe controla atletas por WhatsApp e corta bolo na folga
Fábio Aleixo e Rodrigo Mattos
Do UOL, em Toronto (CAN)
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Divulgação/CBG
Técnica Camila Ferezin com a filha no colo e a equipe ao seu redor
Ao reunir a seleção brasileira de ginástica por equipe em Aracaju, a Confederação Brasileira de Ginástica criou uma espécie de família ao colocar as nove meninas morando juntas. Não falta nem uma supermãe na figura da técnica Camila Ferezin, ex-atleta da modalidade e que competiu nos Jogos Olímpicos de Sydney-2000. Até um grupo de WhatsApp foi criado para que ela tenha maior controle sobre as atletas.
São nove mulheres entre 19 e 26 anos vivendo em dois apartamentos na capital sergipana, sete em um deles e duas em outro. Além dos quartos, têm em comum objetivos, sonhos, a cozinheira, iogurtes... e as ordens da treinadora.
"Acabou virando como uma família. Criei até um grupo de WhattsApp para elas. Se for ao banco, tem que me avisar. Tenho que saber onde elas estão. Imagina se uma some o que vou dizer para a mãe?", explicou Ferezin.
A disciplina é ainda mais estrita na parte alimentar. Quando é necessário dieta, a treinadora manda a capitã trancar a cozinha depois da 10h30. Nem na folga as meninas estão livres do controle.
"Estão liberadas para comer na folga. Mas ligo para as mães para pedir para não fazer bolo, fritura", contou a treinadora. A dureza deve-se ao biótipo das brasileiras, explicou a técnica. Elas costumam ter mais corpo e tendência a ganhar peso do que adversárias europeias. "Uma russa já é longilínea."
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Não há exageros até porque a Federação Internacional de Ginástica tem uma campanha contra a bulimia, o que minimizou as dietas exageradas. As meninas não reclamam de dividir o apartamento, nem das regras da treinadora.
"É tranquilo. Quando uma precisa do iogurte da outra pode pegar. É bastante gente, mas temos o mesmo objetivo. É muito importante estarmos vivendo juntas, cria um senso maior de equipe e união", contou Morgana Gmach.
"O maior problema para mim é a saudade de casa. É ótimo quando a gente pode ir para casa", completou Ana Paula Ribeiro.
Se exige bastante de suas atletas, Ferezin também sacrifica sua vida pessoal da mesma forma. Basta dizer que levou sua filha Maria Clara, de somente quatro meses, para Toronto. A técnica que a substituiria desistiu e teve de viajar com a criança. Isso porque, no Pan de 1999, quando era atleta, deixara seu primeiro filho também de poucos meses para competir.?
O resultado da cartilha disciplinar pôde ser visto em Toronto. A equipe saiu com três medalhas, sendo duas de ouro e uma de prata. O próximo desafio será o Campeonato Mundial de Stuttgart (ALE), a partir de 7 de setembro.