Ginasta escapa de tapetão, fatura bronze e não terá mais que vender carro
Rodrigo Mattos
Do UOL, em Toronto (CAN)*
A cena quase se repetiu. Após perder a medalha de bronze da final individual geral por conta de uma revisão de nota na semana passada, a ginasta Angélica Kvieczynski conseguiu escapar de um novo "tapetão" nesta segunda feira para ficar com o terceiro lugar da decisão por fitas da ginástica rítmica do Pan de Toronto. Foi a 100ª medalha brasileira destes Jogos.
Angélica alcançou 15,633 pontos e ficou atrás apenas das norte-americanas Laura Zeng (16,267) e Jasmine Kerber (15,992). Outra brasileira na disputa, Natalia Gaudio ficou apenas na oitava colocação, com 13,517. O problema foi que a canadense Patricia Bezzoubenko, quarta colocada, pediu revisão de nota e colocou o bronze da ginasta brasileira em risco.
Diferentemente do que aconteceu com a própria Angélica, que teve sua nota diminuída ao pedir revisão na final individual geral, os juízes aumentaram a pontuação da canadense para 15,300. A nova nota, porém, não foi suficiente para passar nenhuma das medalhistas.
"Pensei que podiam tirar minha medalha de novo", admitiu Angélica Kvieczynski, que agora tem dois bronzes, o das fitas e o dos arcos, conquistado no domingo (19). "Eu pensei 50 tipos de coisas".
Mas subir ao pódio pela segunda vez no Pan de Toronto não foi a única boa notícia que a brasileira recebeu nesta segunda-feira. Logo após a conquista, enquanto conversava com jornalistas, Angélica foi informada pela CBG (Confederação Brasileira de Ginástica) que receberá o dinheiro que precisa para se preparar para o Mundial de Stuttgart, na Alemanha, em setembro. No domingo, a ginasta havia reclamado que a entidade ainda não havia feito nenhum planejamento para a disputa e que ela teria que vender o próprio carro para bancar as despesas de preparação.
Antes de receber a informação pela assessoria de imprensa da CBG, Angélia reclamava novamente da falta de incentivo. "Imaginei que em um ano pré-olímpico, seria mais fácil conseguir patrocínio, mas tem sido difícil. É muito caro fazer a semana anterior de treinos na Alemanha. Eles disponibilizam o local para treinos na véspera. Cheguei a pensar em vender meu carro porque amo a ginástica", explicou a atleta.
Ainda nesta manhã, Angélica e Natália participaram da final individual com maças, mas não conseguiram ficar entre as três primeiras. Kvieczynski foi quinta, enquanto Gaudio terminou em oitavo.
O Brasil ainda briga por mais uma medalha no último dia de competições da ginástica rítmica. O conjunto brasileiro, responsável até agora por dois ouros, participa da final de maças e fitas.
* Atualizada às 12h59