Veterano de 64 anos da vela conquista 9ª medalha em 9 edições de Pan
Bruno Doro
Do UOL, em Toronto
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Gaspar Nobrega/inovafoto
Cláudio Biekarck, Gunnar Ficker e Maria Hackerott recebem a medalha de bronze na classe lightning da vela
Quando passa dos anos, a maioria dos atletas já está aposentada. E o passatempo preferido é lembrar com nostalgia dos tempos de glórias. Cláudio Biekarck não é assim. Aos 64 anos, ele acaba de quebrar um recorde nos Jogos Pan-Americanos. Com nove participações desde 1975, ele se tornou o brasileiro que disputou mais Pans na história - o segundo da lista é Durval Guimarães, do tiro esportivo, com oito.
E como recorde sem medalha não é a mesma coisa, Kiekarck subiu ao pódio. Foi bronze na classe Lightining. O nono pódio da carreira nos Jogos. "O primeiro foi em 1975, no México. E esse, além de ser minha nona medalha, é o oitavo ao lado do Gunnar, o que é uma alegria muito grande", comemora.
Gunnar Ficker é seu companheiro na classe Lightning há mais de 30 anos anos. O primeiro Pan dos dois foi o de 1983. Foi em Caracas que conquistaram a única medalha de ouro, com Ralph Berger como terceiro tripulante. Hoje, o posto pertence a Maria Hackerott, que estreou no trio em Toronto-2015. "Estamos muitos felizes com a conquista do bronze. Foi uma competição muito longa, uma das mais longas que eu participei até hoje, e também com vento muito fraco. Então exigiu bastante de todo mundo", diz Maria.
A longevidade de Biekarck impressiona. Desde sua estreia, ainda na classe Finn, um barco para um tripulante, em 1975, só não foi para duas edições. Em 1979, no Pan de San Juan, em Porto Rico, e em 2003, para os Jogos de Santo Domingo, na República Dominicana. Em todos os outros, subiu ao pódio. Tem um ouro (Caracas-1983), três pratas (Cidade do México-1975, Mar del Plata-1995 e Winnipeg-1999) e quatro bronzes (Indianápolis-1987, Havana-1991, Rio-2007, Guadalajara-2011 e, agora, Toronto-2015).
Tantas conquistas em Pan-Americanos, porém, não se refletiram em Olimpíadas. Klaus, como é conhecido entre os velejadores, disputou três vezes os Jogos Olímpicos. Em sua estreia, Munique-1972, terminou em nono lugar na classe Finn. Nas outras duas, bateu na trave: foi quarto colocado em Montreal-1976 e em Moscou-1980.
Mas, se medalha não veio como velejador, ele tem muito a mostrar como treinador. Entre 1996 e 2004, foi o técnico de Robert Scheidt. No período, a parceria rendeu ao velejador paulista três medalhas olímpicas, duas de ouro e uma de prata, na classe Laser – além de cinco títulos mundiais. "Eu conhecia o Robert desde garoto, mas só virei técnico em 1996, quando o clube precisou de alguém para mandar para Atlanta. Eu fui o escolhido".
E para quem acha que a carreira está acabando: em 2011, aos 60 anos, ele foi vice-campeão mundial. Sinal de que a idade não importa muito quando você sabe ler os ventos.