Bimba vira tetra do Pan; Brasil tem mais um ouro, duas pratas e um bronze

Bruno Doro

Do UOL, em Toronto (Canadá)

  • Reprodução/Twitter

Quando Ricardo Winicki, o Bimba, largou neste sábado (18) para a última prova da classe RS:X masculina dos Jogos Pan-Americanos, ele entrou em uma lista seleta de atletas brasileiros: os tetracampeões pan-americanos.

Essa foi a quinta medalha da vela brasileira em Toronto, a segunda de ouro. Patrícia Freitas, Robert Scheidt, Martine Grael e Kahena Kunze (duplas) e Fernanda Decnop já haviam subido ao pódio com um ouro, duas pratas e um bronze, respectivamente.

"Falando em Pan o meu objetivo é o penta. Eu pretendo continuar velejando, penso em Olimpíada de 2020, no próximo Pan. Não sei o que fazer se parar. Por isso vou seguir fazendo isso até quando puder. Eu estou há dez anos entre os dez primeiros do ano e enquanto estiver entre os dez primeiros eu continuo. Vou continuar velejando com cabelo branco em cima da prancha", disse Bimba ao UOL Esporte após a conquista do tetra.

O ouro em Toronto-2015 é o quarto do velejador brasileiro na classe RS:X. Ele foi campeão, também, em Santo Domingo-2003, Rio de Janeiro-2007 e Guadalajara-2011 – e ainda tem uma prata de Winnipeg-1999. Além dele, só outros dois atletas do país conseguiram o feito.

A carateca Lucélia Carvalho foi campeã de caratê de 1999 a 2011. E o patinador Marcel Sturmer chegou ao feito com títulos de 2003 a 2015. Bimba, porém, é o primeiro a fazer isso em uma classe olímpica. Primeiro foi na Mistral, classe original da prancha a vela.

Depois, na RS:X, novo modelo de prancha, adotado logo após os Jogos Olímpicos de 2004. Aos 35 anos, o velejador entrou na água com o título garantido. Nas primeiras 13 regatas, abriu dez pontos para o segundo colocado, o mexicano David Teran.

Mesmo com o rival em primeiro e o brasileiro em último neste sábado, a diferença cairia apenas em oito pontos. Bimba disputou quatro Olimpíadas, sem subir ao pódio. Em 2004, chegou perto do pódio: entrou na última regata podendo ser campeão olímpico, mas acabou em quarto lugar na classificação geral, fora do pódio.

Patrícia também é ouro

Patrícia Freitas é a primeira velejadora do Brasil a conquistar uma medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Toronto. Antes, Robert Scheidt tinha conquistado a prata na Laser e Fernanda Decnop, o bronze na Laser Radial. É o segundo ouro em Pan-Americanos da windsurfista carioca, campeã dos Jogos de Guadalajara, em 2011.

A conquista já era esperada: nos últimos dois anos, ela se consolidou entre as melhores do mundo em sua classe, a RS:X. No ano passado, chegou a ser a quarta colocada do ranking mundial e, neste ano, conseguiu o terceiro lugar na semana de Hyeres, na França: foi o primeiro pódio do Brasil na classe em etapas da Copa do Mundo.

A explicação para essa melhora no desempenho foi sua faculdade. Ou o final dela. Ao se formar em arquitetura, ela cumpriu uma promessa para o pai, que a fez prometer que iria estudar mesmo se dedicando ao esporte. Com o diploma na mão, ela foi para Búzios, melhor lugar do mundo para treinar windsurfe, conseguiu um técnico (Alexandre Paradeda, que competiu no Pan, na classe Snipe) e se tornou atleta em tempo integral.

As provas deste sábado ficaram horas paradas. Sem vento no Lago Ontário, os competidores esperaram as condições melhorar da terra. A regata final de Patrícia, aliás, foi interrompida depois da largada, quando ela liderava.

O vento voltou por volta de 18h (de Brasília). A Comissão de Regata deve forçar a realização das duas finais agendadas, da RS:X masculina e da 49er FX, ainda nesta tarde, já que não existe agenda para adiar no domingo.

Prata de Scheidt

O brasileiro Robert Scheidt até tentou, mas não conseguiu superar o seu início ruim nos Jogos Pan-Americanos de Toronto. Neste sábado (18), ele terminou em quinto lugar na medal race disputada no lago Ontário e ficou com a medalha de prata na classe Laser da vela.

Foi a segunda vez seguida que ele conquistou a prata do Pan – foi vice-campeão no Rio-2007 e não competiu em Guadalajara-2011.

"Acabei optando pelo lado errado da raia e perdi um pouco em relação aos outros. Ainda consegui me recuperar e cheguei perto do guatemalteco, mas ele segurou bem o lado. No final, ainda consegui segurar o americano e o canadense para conquistar a prata", comentou Scheidt.

Um dos maiores atletas olímpicos brasileiros com cinco medalhas (duas delas de ouro), três títulos dos Jogos Pan-Americanos (1995, 1999 e 2003) e um título mundial conquistado em 2014, ele era um dos favoritos na disputa. Com poucos ventos nos primeiros dias, porém, ele ficou para trás. Fez um campeonato de recuperação, mas acabou atrás do guatemalteco Juan Aguero.

"Foi um campeonato muito difícil, depois de um início ruim. Tive uma desclassificação e dois sétimos lugares. Depois eu reagi e fiquei satisfeito com o jeito que velejei nos últimos dias", afirmou o velejador.

Brasileira conquista o bronze na Laser Radial

A brasileira Fernanda Decnop também comemora uma medalha. Não conseguiu superar a norte-americana Page Railey, uma das melhores do mundo, mas saiu com o bronze na Laser Radial. Ela terminou a última regata em sexto lugar, duas posições atrás de Railey. A prata foi para a uruguaia Dolores Moreira.

"Tinha que ficar de olho na argentina e na uruguaia. E acabei não conseguindo no final manter a prata. Mas estou muito feliz com o bronze. Minha primeira medalha no meu primeiro Pan", celebrou Fernanda.

"Eu tinha a medalha [de prata] no peito e acabei perdendo na última regata, mas ser medalhista no primeiro Pan é especial", completou.

UOL Cursos Online

Todos os cursos