Fenômeno do basquete feminino dos EUA até enterra. Mas nunca ganhou o Pan
Bruno Doro
Do UOL, em Toronto (CAN)
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AP Photo/Mark Humphrey
Breanna Stewart se prepara para um arremesso livre na vitória dos EUA sobre o Brasil
"Os Jogos Pan-Americanos são uma questão de honra para mim. É uma redenção". É assim que Breanna Stewart, o novo fenômeno do basquete feminino dos EUA, pensa do Pan de Toronto. Pudera. A atleta que conquistou tudo o que disputou até agora (incluindo um campeonato de enterradas quando ainda estava no colegial) participou de um dos maiores vexames da história da modalidade.
No Pan de Guadalajara, em 2011, o time feminino dos EUA terminou em sétimo lugar. Entre oito equipes. Venceu apenas a Jamaica. "Isso nunca deveria acontecer. Os EUA não merecem, nunca mais, passar por isso. Sétimo lugar é uma colocação a qual uma seleção americana não pertence".
Quem assistiu à partida de estreia da garota de 20 anos no Canadá viu que ela fala muito sério sobre o assunto. Ela dominou o jogo contra o Brasil. Não fosse por ela, o time de universitárias americanas teria sucumbido às brasileiras. Mesmo inferior física e tecnicamente, o Brasil mostrou coração. Chegou a liderar o placar. E perdeu por 75 a 69 pontos.
Breanna marcou 26 pontos e pegou 12 rebotes. Foi a cestinha do jogo. Foi a quinta vez que ela deixou o ginásio em um jogo de Pan como a cestinha americana. Foi assim em todos os jogos em Guadalajara. Mesmo tendo apenas 17 anos e sendo apenas a segunda jogadora de High School (o colegial no Brasil) a ser convocada para o seleção dos EUA para o Pan na história.
Naquela época, a USA Basketball, a federação local, já sabia que era preciso apostar na garota. Hoje ela tem 1,93m e um jogo consistente. Domina o garrafão, se posiciona bem, arremessa com precisão. "É um talento. Deu para ver que ela tem muita técnica e, principalmente, uma postura muito boa em quadra. Tem boa visão, faz passes diferentes do que a gente costuma ver. É bom prestar atenção. Ela será uma grande jogadora para os EUA. Estará entre as melhores do mundo em pouco tempo", elogiou o técnico brasileiro, Luiz Zanon.
Para quem ainda dúvida, é só olhar o currículo: Foi eleita a melhor jogadora colegial dos EUA e, na faculdade, conquistou três títulos universitários. De quebra, se tornou a primeira jogadora da história a ganhar o prêmio de melhor jogadora das finais do torneio da NCAA (a liga universitária americana).
Foi eleita, ainda, a melhor atleta de Mundiais da Fiba (a Federação Internacional de Basquete) nas categorias sub-19 e sub-18. Para completar, já é campeã mundial com a seleção principal. No Mundial de 2014, foi a mais jovem atleta convocada pelos EUA para o torneio em 20 anos.
Em Toronto, ela está fazendo uma espécie de hora-extra. Ela diz que esse é um passo que ela seja uma candidata forte para o elenco dos EUA para os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, no ano que vem, o grande objetivo de sua carreira (pelo menos no momento). Para estar na Olimpíada carioca, ela fez até Summer School, adiantando aulas que precisaria fazer no próximo ano letivo (que começa no segundo semestre). Assim, terá mais tempo para se focar no basquete e na seleção americana, sem perder a chance de se formar. Todos, porém, já sabem que o lugar de caçula do grupo no Rio de Janeiro é dela. Com ou sem o ouro no Canadá.