Como um episódio da violência no RJ fez surgir um talento no tiro com arco

Daniel Brito

Do UOL, em Toronto (CAN)

Um episódio ocorrido há mais de dez anos no Rio de Janeiro foi decisivo para que o Brasil ganhasse um dos mais talentosos atletas de tiro com arco. Ocorreu na Linha Amarela, com o pai do brasileiro Marcus Vinicius D'Almeida, que nesta sexta-feira, tenta a conquista da medalha por equipes no Pan de Toronto ao lado de Bernardo Oliveira e DAniel Xavier.

O pai de Marcus era dono de uma loja de artigos para piscinas na zona norte do Rio e, diariamente, tinha de atravessar a Linha Amarela desde o Recreio dos Bandeirantes, onde a família D'Almeida morava, até o outro lado da cidade. Certa feita, em 2004, o patriarca foi assaltado e feito refém por criminosos na via expressa.

"Eu era muito pequeno, não tenho lembrança desta história. Mas sei que levaram carro, dinheiro, celular, relógio, tudo. Felizmente. minha família nunca foi apegada a dinheiro ou bens materiais. O mais importante foi que meu pai não sofreu nada grave", contou, ainda um pouco sem jeito, Marcus.

O arqueiro relatou que após este episódio, sobre o qual não gosta muito de lembrar, a família optou por mudar-se do capital carioca para o interior do Estado do Rio. Como a família é toda de Maricá, 60 quilômetros ao sul do Rio, foi para lá que eles decidiram fugir da violência da cidade grande.

"Minha mãe sempre me fala: 'Tudo tem um propósito'", repetiu Marcus Vinícius. Foi em Maricá que ele descobriu o tiro com arco, quando um projeto de iniciação da modalidade foi instalado a cinco minutos de sua casa. Hoje, ele ostenta o título de vice-campeão dos Jogos Olímpicos da Juventude, em Nanquim, na China, vice-campeão da etapa de Lausane, na Suíça da Copa do Mundo, além de campeão mundial da categoria cadete.

 

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