Fenômeno de 20 anos dos EUA vence a seleção do Brasil no Pan de Toronto
Bruno Doro
Do UOL, em Toronto (CAN)
Breanna Stewart tem apenas 20 anos. Nesta quinta-feira (16), estreou com a seleção dos EUA no torneio de basquete feminino do Pan de Toronto. Esta é a segunda vez que ela participa dos Jogos. Em Guadalajara, em 2011, com apenas 17 anos, se tornou apenas a segunda jogadora colegial norte-americana a disputar o torneio na história. Em Toronto, o primeiro jogo do "fenômeno" foi justamente contra o Brasil, que perdeu por 75 a 69.
Em cinco jogos, incluindo o desta noite, saiu de quadra como a cestinha de sua equipe. Pudera: Breanna é a próxima sensação do basquete feminino dos EUA. Com 1,93m e muita mobilidade, se destaca com facilidade. Chuta de longe, domina o garrafão, infiltra.
Tudo isso lhe garante um currículo gigantesco. Foi eleita a melhor jogadora colegial dos EUA e, na faculdade, conquistou três títulos universitários. De quebra, se tornou a primeira jogadora da história a ganhar o prêmio de melhor jogadora das finais do torneio da NCAA (a liga universitária americana).
Foi eleita, ainda, a melhor atleta de Mundiais da Fiba (a Federação Internacional de Basquete) nas categorias sub-19 e sub-18. Para completar, já é campeã mundial com a seleção principal. No Mundial de 2014, foi a mais jovem atleta convocada pelos EUA para o torneio em 20 anos.
Toda esta introdução foi necessária para apresentar a atleta responsável pela primeira derrota do Brasil no torneio de basquete feminino dos Jogos Pan-Americanos de Toronto. A equipe dos EUA venceu por 75 a 69, em um jogo que só foi disputado durante poucos minutos após o intervalo e no finzinho.
O primeiro tempo foi um desastre verde-amarelo. O time brasileiro teve problemas em quase todos os ataques para superar a defesa rival. Mais alto (os EUA contam com quatro atletas com mais de 1,90m contra duas do Brasil e ainda são, na médica, cinco centímetros maiores), o time americano contestava cada arremesso. Mesmo assim, o Brasil focava suas tentativas próximas da cesta. Quando acabaram os dois primeiros quartos e o Brasil tinha apenas 12 cestas em 29 tentativas, ninguém estranhou – o placar era de 39 a 31.
"Fizemos um bom jogo, mas ainda precisamos melhorar em alguns detalhes, como no jogo um contra um. A maioria das nossas cestas saiu na movimentação, não conseguimos jogadas isoladas. Enquanto isso, os EUA fizeram isso o jogo todo", disse Luis Augusto Zanon, técnico do Brasil.
No segundo tempo, a juventude das norte-americanas apareceu. A equipe comanda pela técnica Lisa Bluder é formada, principalmente, por universitárias. A média de idade é de apenas 20 anos. O Brasil tem apenas uma atleta com essa idade. Todas são mais velhas. A pivô Kelly tem 35 – é a única remanescente de uma geração vitoriosa do basquete feminino verde-amarelo: em 2000, ela fez parte da equipe que conquistou a medalha de bronze dos Jogos Olímpicos. Depois do jogo, ela elogiou a equipe atual.
"Eu estou contente com a evolução da equipe. A gente sabia que seria um jogo muito duro, mas conseguimos equilibrar. Eu estou em meu quarto Pan. E nada está perdido. Em 2000, na medalha olímpica, perdemos a estréia para o Canadá por dois pontos e nos recuperamos. Podemos fazer o mesmo aqui", disse Kelly, que minimizou o impacto da atuação de Breanna Stewart.
"Ela [Breanna] é uma jogadora muito talentosa. Técnica, muito precisa nos arremessos. Agora também é preciso ver que todo o sistema do time é centrado nela", disse a brasileira.
Com uma defesa mais forte, o Brasil chegou a virar o jogo e o placar chegou a ficar 48 a 46 para as brasileiras. Mas durou pouco. As norte-americanas voltaram a apertar a defesa, roubaram algumas bolas, aproveitaram rebotes e arremessos precipitados brasileiros. Quando terceiro período terminou, já estavam sete pontos na frente novamente.
A cestinha do Brasil foi Patty, com 18 pontos. Kelly foi a maior reboteira, com 11. Nada comparado ao desempenho de Breanna: 26 pontos e 12 rebotes.