Medalhista brasileira no Pan perdeu bronze no Rio-2007 por ser 'gordinha'
Felipe Pereira e Leandro Carneiro
Do UOL, em São Paulo
Jaqueline Ferreira teve de esperar oitos anos para comemorar uma medalha perdida por ser mais pesada que sua adversária. O bronze que escapou por entre os dedos da atleta veio nos Jogos Pan-Americanos de Toronto nesta terça-feira.
Em 2007, nos Jogos do Rio de Janeiro, Jaqueline conseguiu levantar 199 quilos, na soma do arranque e arremesso. A mesma quantidade foi erguida por Vanessa Nuñez, da Venezuela, mas por pesar 250 gramas a mais que sua rival, ela ficou sem o bronze.
No levantamento de peso, o critério de desempate é o peso das competidoras. Vanessa entrou na disputa com 63,65 quilos, enquanto Jaqueline pesava 63,90 quilos.
A diferença entre a medalha que quase veio e o bronze conquistado foi a categoria. Em 2007, Jaqueline mudou de categoria e trocou a categoria de até 69 quilos para o até 75 quilos, mantida para a edição canadense.
Neste período, Jaqueline ainda quebrou uma seca olímpica do Brasil. Ela foi à Olimpíada de Londres, em 2012, o que não acontecia com uma brasileira no levantamento de peso desde 2000, em Sidney.
Desta vez, Jaqueline conquistou o bronze e quase ficou com a prata. Um quilo separou Jaqueline de Fernanda Valdés, do Chile. Desta vez, por ser mais leve que a rival, ela venceria se tivesse atingido a meta. Essa foi a segunda conquista da história do levantamento de peso feminino do Brasil.
Jaqueline disse que a atleta que pratica levantamento de peso sofre preconceito porque o esporte é muito associado aos homens. Tanto que a família dela foi a primeira a rejeitar a escolha dizendo que não era coisa de mulher. O namorado tinha a mesma opinião, mas nada abalou a decisão. Ela afirmou que virou as costas para tudo e focou na dedicação a modalidade.
Havia dificuldades financeiras também. Foram precisos os primeiros resultados expressivos para conseguir apoio da confederação, o que demorou quase um ano. Neste período quem bancou a carreira de Jaqueline foi seu treinador, Dragos Stanica. Ele pagava as passagens para a atleta ir às competições e mais tarde ambos foram para a seleção brasileira.
