Medalhista de bronze na ginástica teve de treinar de favor após demissão
Fábio Aleixo
Do UOL, em Toronto (CAN)
O brasileiro Caio Souza, de 21 anos, conquistou nesta quarta-feira a medalha de bronze no salto sobre a mesa. O ginasta, que está em seu primeiro Pan-Americano, subiu ao pódio neste que é seu melhor aparelho com pontuação de 14,925. Ele foi superado apenas pelo cubano Manrique Larduet (15,125) e pelo americano Donnell Whittenburg (14,962).
O pódio tem um sabor especial para o atleta brasileiro que no começo de 2013 ficou sem clube, quando o Flamengo decidiu demitir todos os ginastas e fechar a sua equipe.
"Eu e os outros ginastas ficamos sabendo da demissão pela internet. Estávamos em um hotel e fomos ver o computador e nem acreditamos. Começamos a dar risada, achando que era brincadeira. Ficamos tristes ao saber depois que era verdade", disse Caio.
Após a demissão do clube, foram meses treinando de favor no Serc Santa Maria, em São Caeetano, e no Pinheiros. Precisou contar com ajuda financeira da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) e do Comitê Olímpico do Brasil.
"Pensar em desistir nunca pensei, mas não sei o que teria sido sem a ajuda do COB e da Confederação. Foi um incentivo que manteve esta vontade de seguir competindo", disse.
A solução definitiva para os problemas só veio no ano passado, quando acertou com a nova equipe de São Bernardo do Campo, cidade do ABC Paulista. O time é o mesmo no qual treina Diego Hypolito.
"Hoje tenho toda a estrutura que necessito para competir", disse Caio.
"Hoje chegou a medalha, mas o meu melhor momento ainda não chegou. Muito mais está por vir pela frente", disse o ginasta que também competiu na final das barras paralelas, mas acabou somente no sétimo posto.
Caio chama também a atenção em suas apresentações pelo grande topete, que remete aos cantores sertanejos. Mas segundo ele, não se trata da idolatria por nenhum artista.
"Como vou aparecer na TV, vale a pena ficar arrumado. E também se não passasse gel ia ficar muito ruim, porque meu cabelo é muito grande (risos). Mas eu faço o penteado rápido. Não me atrapalha em nada", disse.
Flávia Saraiva tem falhas em sua despedida e passa em branco
Flávia Saraiva chegou para a disputa da final da trave dos Jogos Pan-Americanos de Toronto como favorita para levar o ouro. Afinal, este é um de de seus melhores aparelhos - no qual mira uma final olímpica em 2016 e havia feito a melhor nota nas eliminatórias.
Mas Flavinha acabou frustrando as próprias expectativas e fez uma apresentação ruim. Teve alguns desequilíbrios e, o pior, caiu da trave. Não foi um tombo feio, mas que a fez perder um ponto e amargar a quinta posição na disputa, com um total de 13,225. Marca esta bem distante dos 14,550 feitos na qualificatória por equipes e dos 14,400 obtidos na final do individual geral, quando foi bronze.
Sempre sorridente, a jovem de 15 anos deixou a competição com cara de frustração, mas recebeu um abraço carinhoso do técnico Alexandre Carvalho. Outra brasileira na diputa, Julie Kim Sinmon, terminou no 4º posto, com 13,575.
A medalha de ouro foi da canadense Ellie Black, com 15,050 pontos. Ela foi seguida pela americana Megan Kaggs e a compatriota Victoria Woo.
No solo - sua última competição -, a joia da ginástica brasileira também saiu do Canadá sem uma medalha. Terminou na sexta posição após somar 13,200 pontos em uma apresentação na qual quase caiu logo no início. Na mesma prova, Daniele Hypolito também caiu logo no começo e finalizou somente em oitavo.
Outros brasileiros em ação nesta quarta foram: Francisco Barreto (oitavo colocado nas barras paralelas), Lucas Bitencourt (sétimo colocado na barra fixa ) e Arthur Nory (sétimo no solo e oitavo na barra fixa).