Final Brasil x EUA no polo aquático tem rivalidade e americanos engasgados

Antoine Morel e José Ricardo Leite

Do UOL, em Toronto (CAN)

  • Satiro Sodre/SSPress

    Felipe Perrone, capitão da seleção brasileira, e para muitos o melhor do mundo

    Felipe Perrone, capitão da seleção brasileira, e para muitos o melhor do mundo

De repente, alguém entra na área que você sempre manda e começa a te desbancar e dar as cartas no pedaço por ali. E, para isso, usa métodos que você não concorda e acha que é eticamente errado. O seu rival ainda quase te deixa de fora do que tanto sonha, mas agora é a hora de acertar as contas. É mais ou menos assim que os EUA veem o Brasil na final do polo aquático nos Jogos Pan-Americanos, nesta quarta-feira, às 21h (horário de Brasília) em Toronto. 

O time da América do Norte sempre foi a maior potência do continente, enquanto o Brasil sequer sonhava em disputar alguma coisa (não ganha um ouro desde o Pan de 1963 e há 20 anos não disputa uma Olimpíada). Mas, com o processo de naturalização de alguns atletas, a equipe brasileira, de repente, virou uma potência. Bateu os americanos na Liga Mundial e tirou deles o terceiro lugar.

Para piorar, por muito pouco o surgimento da potência inesperada do Brasil não deixou os americanos de fora dos Jogos do Rio. Com o novo super time, a equipe verde e amarela venceu o Canadá e jogou os donos da casa do Pan para os americanos na semifinal. Quem perdesse estava fora. Em jogo suado, com torcida contra, os EUA venceram por 9 a 8 e por muito pouco não ficaram de fora dos Jogos.

Chegaram a reclamar da ética do processo feito pelos brasileiros na obtenção de novos jogadores. E agora é hora do acerto de contas. "Definitivamente sim (há um clima de revanche), eles ganharam de nós no último torneio e têm um time muito bom. O técnico conhece a nossa equipe além de terem novos bons jogadores. É um jogo especial por esse último recente", falou o americano Nikola Vavic.

"É um jogo especial. O último foi uma partida incrível. Eles estão prontos pra nos enfrentar e nós estamos pronto para pegá-los. Eles nos bateram no último torneio e creio que será uma grande final. O Brasil tem um time novo, que está se modificando. É sim (a nova rivalidade)", endossou o goleiro Merrill Moses.

Os brasileiros sentem que os americanos agora respeitam bem mais o time e sabem que agora precisam medir forças e não são mais hegemônicos.

"Eles estão com uma pulguinha atrás da orelha, não vai ser como sempre foi. Tinha um degrau deles acima da gente que agora não existe mais", falou o goleiro Thy Mattos. "É isso aí (jogo de rivalidade). Durante muito tempo não chegávamos nessa igualdade e tiramos essa hegemonia. Virou um clássico", disse Felipe Perrone, melhor jogador brasileiro e considerado por muitos o maior atleta do planeta no esporte.

Os dois países fizeram a decisão do Pan de 2007, no Rio, com vitória americana. Em 2011, os brasileiros ficaram com o bronze. A final acontece nesta quarta-feira às 19h (horário de Brasília).

Brasileiro preferiu os EUA

Se alguns estrangeiros, sobretudo do Leste Europeu, toparam defender o Brasil nos Jogos, um brasileiro preferiu continuar a jogar pelos Estados Unidos. Tony Azevedo, prata nos Jogos Olímpicos de Pequim e ouro no Pan de Guadalajara, continua a jogar pela seleção norte-americana. Será um rival no jogo desta quarta.

Ele destaca o salto de qualidade que o time brasileiro passou a ter, principalmente com a presença de Felipe Perrone. "Esse time do Brasil é ótimo. Eles são um dos melhores times agora. O Felipe todos sabem como é e tem um técnico que puxa muito para frente.  Eles são um time para bater qualquer um.  E isso é excitante."

"Estou preparado para a final. É contra o Brasil, o meu país, e quero derrubar esses caras", falou, em tom de brincadeira " Queremos o ouro lá. Não quero ir para outra Olímpíada e não conseguir o ouro."  

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