Quadra lotada salvou craque do squash no Pan de carro bomba de terroristas

José Ricardo Leite

Do UOL, em Toronto (CAN)

  • Getty Images

    Miguel Angel Rodriguez, jogador de squash colombiano que escapou da morte

    Miguel Angel Rodriguez, jogador de squash colombiano que escapou da morte

O dia 7 de fevereiro é daqueles que marcou uma nação, de um jeito ruim, por ter sido uma tragédia. Nesta data no ano de 2007, aconteceu o famoso atentado ao clube El Nogal, em Bogotá, onde as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) explodiram um carro-bomba que resultou na morte de 36 pessoas. Outras 200 ficaram feridas com a explosão que aconteceu no estacionamento do tradicional clube da cidade.

Por muita sorte, uma joia do esporte local conseguiu se safar por um motivo que, em tese, seria um "azar". Miguel Angel Rodriguez, 29 anos, dono das últimas duas medalhas de ouro masculina no squash dos Jogos Pan-Americanos, ao obtê-la em 2011, em Guadalajara, e na última segunda, em Toronto, após vencer o peruano Elias Diego. É um ídolo local.

Naquele dia em que ocorreu o atentado, Miguel pegou as duas sobrinhas e levou-as consigo para um treinamento no clube El Nogal. Quando chegou lá, as quadras estavam lotadas, sem previsão de saída de quem estava a praticar.  Ao invés de esperar, Miguel então resolveu ir embora para casa e retornar em outro horário.

Eis que cerca de meia hora depois, toca seu telefone. Foi informado sobre o ocorrido, inclusive de que alguns conhecidos seus no clube lá estavam naquele momento (alguns vierem a perder a vida). Até hoje a sensação ainda é estranha para Miguel, que ao mesmo tampo lamenta o triste episódio e diz ter tido sorte ao acabar se safando.

"Eu ia jogar squash, mas as quadras estavam ocupadas. Eu estava com minhas sobrinhas, uma delas bebê, e então achei melhor voltar. Meia hora depois que eu estava lá recebi uma ligação de um amigo relatando o que aconteceu" falou. "Consegui sair meia hora antes do atentado. Por muita sorte eu não estava lá, mas o atentado destruiu um dos clubes mais importantes do país. Ainda bem que isso não afetou a minha carreira e nem atingiu meus familiares", resumiu, ao lembrar do fato.

Depois, o jogador veio a entender porque o seu local de treinamentos foi escolhido para esse tipo de ação terrorista. "Era um clube que treino tinha alguns dos políticos que queriam assassinar. Eles buscavam pessoas do meio político e infelizmente aconteceu isso."

Miguel é um dos grandes nomes do esporte colombiano e responsável pela expansão de um esporte antes pouco popular em seu país. Suas boas participações em torneios internacionais fizeram até o governo criar um projeto para a construção de cinco quadras públicas na cidade.

"Espero que isso dê resultado para sair novos talentos. É muito importante para o esporte isso, que o squash passou a ser mais conhecido localmente por meu desempenho. Isso é importante para a massificação do esporte. Agora as pessoas conhecem o que é, antes nem sabiam o que era", finalizou.

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