Judoca chorão se orgulha de lágrimas: sem elas, não teria ganhado o bronze

Bruno Doro

Do UOL, em Toronto (CAN)

  • AP Photo/Julio Cortez

    Judoca colombiano Pedro Castro chora após perder para o americano Travis Stevens nos Jogos Pan-Americanos

    Judoca colombiano Pedro Castro chora após perder para o americano Travis Stevens nos Jogos Pan-Americanos

Quando o judoca colombiano Pedro Castro viu o sinal de desqualificação feito pelo juiz de sua semifinal dos Jogos Pan-Americanos de Toronto, levantou os braços. Gesticulou muito. Ao sair da área de lutas, sentou-se. Foi então que ele chorou. Um choro doído, convulsivo, de quem perdia um sonho. Algo que ninguém esperava ver de uma montanha de músculos como ele.

Participante da categoria meio-médio (81kg) do judô, ele achou que venceu o norte-americano Travis Stevens, agora bicampeão pan-americano. Pedro agarrou o rival e o projeto com as costas pranchadas no solo. Um golpe perfeito. O juiz central, porém, viu um waza-ari. A mesa descordou. Queria um ippon.

Foi aí que o drama começou. "Os juízes foram analisar se era ippon, mas viram minha mão esquerda no glúteo do adversário. Era o complemento do movimento, parte da técnica que é minha especialidade. Só que consideraram uma catada de perna", explica.

Foi o fim de um sonho para o colombiano. "Eu esperava, mesmo, disputar esse ouro. Sei que a categoria é muito disputada, com alguns dos melhores do mundo. Mas eu tinha totais condições de disputar essa final. Quando o americano veio me cumprimentar depois da luta, disse que sentia pelo que aconteceu. Ele também achou que o golpe foi legal".

Válido ou não, o movimento desclassificou Pedro e o levou ao choro. "O primeiro meio que temos de descarregar é uma lágrima. É melhor deixa-la sair. Porque, se tivesse segurado o choro no peito, eu não teria conseguido voltar a lutar. Teria deixado o bronze escapar".

Foi justamente isso que o técnico de Pedro falou após a semi: "Ele perguntou se que queria sair daqui chorando pelo ouro perdido de mãos vazia ou com uma medalha de bronze. Foi o que me motivou". Foram quase três horas para se acalmar, mas quando o colombiano voltou ao tatame, estava muito mais controlado. Mesmo com toda a torcida contra, ele venceu o canadense por um waza-ari. Quando recebeu a medalha, sua primeira em Jogos Pan-Americanos, não teve dúvidas. Chorou. Dessa vez de felicidade.

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