Em dia de 5 medalhas, Léo de Deus resume bi no Pan em uma palavra: Família
Fabio Aleixo
Do UOL, em Toronto (CAN)
Empresariado pelo pai, alimentado pelo mãe e assessorado pela irmã. Nesta terça, Leonardo de Deus venceu os 200m borboleta e terá de dividir os louros com a família, que compõe o estafe do bicampeão do Pan, maior estrela do Brasil no primeiro dia da natação, que rendeu cinco medalhas ao país - ouro no 4x100m livre masculino e bronzes de Marcelo Chierighini no 4x100m livre, Joanna Maranhão, nos 200m borboleta, e no 4x100m livre feminino.
Ninguém, no entanto, brilhou mais que Léo de Deus, que repetiu o ouro conquistado em 2011, em Guadalajara. A disputa em si valorizou o desempenho do brasileiro. Mauricio Fiol, do Peru, liderou a primeira passagem, foi ultrapassado antes dos 100m e apertou a disputa de novo na reta final, com o brasileiro ganhando na batida. Leonardo de Deus fez 1min55s01 e, com isso, conseguiu o sexto melhor tempo do ano.
"Melhorei 18 centésimos do meu melhor tempo. Agora estou com a cabeça fria e quero nadar ainda melhor no Mundial. Eu descansei pouco aqui, só quatro dias. O ideal é descansar 16 dias. Minha técnica pode melhorar, minha virada também. Tenho de melhorar, bater 1min54 e brigar por medalha lá no Mundial", disse Léo de Deus ao Sportv.
O prêmio vai para toda a família, que compõe o "estafe" do nadador: o pai, Domingos, é o empresário; a mãe, Jeane, é nutricionista; e a irmã, Deborah, é assessora de imprensa. "Desde pequenininho eles acompanham e sei que querem meu melhor. Não vou falar que é mil maravilhas. Quando a gente discorda de algo e discute, é pai e filho, né? Mas sempre buscamos o entendimento, e por serem meu pai, minha mãe e minha irmã eu escuto mais, porque querem o melhor para mim", disse Léo de Deus mais cedo ao UOL Esporte.
Ninguém está improvisado na função, diga-se. O casamento serve para que todo mundo use suas melhores habilidades a favor da estrela da família. "É muito bom. Desde pequeninho a família me acompanha e sei que eles querem meu melhor. Minha irmã se formou em jornalismo, meu pai fez uma pós graduação em marketing e minha mãe é nutricionista. Então a família toda está em busca do meu sonho", disse o nadador.
Ajudar Leonardo de Deus foi uma escolha de cada membro da família. Para alguns, como a mãe Jeane, significou uma mudança na carreira: professora, ela se aventurou na nutrição. "Como mãe, o interesse surgiu inicialmente para ajudar o meu filho a ter uma alimentação correta e adequada, com objetivo primeiramente de suprir sua carga de treinamento e buscar uma melhor performance", disse ela à reportagem.
Domingos, o pai/empresário que era piloto de aviões, hoje já nem trabalha só com o próprio filho. "Foram dois anos e oito meses nos bancos escolares. Desde janeiro de 2014 passei a administrar a carreira do atleta da natação Brandon Pierry. Alguns pais também me procuram para eu prestar orientação mais especializada, mas atualmente a prioridade é o Leo. Em quase quatro anos, adquiri bastante experiência e empresa cresceu", diz ele, com planos para expansão.
Kaio Márcio, o outro brasileiro na final dos 200m borboleta em Toronto, não teve a mesma satisfação. Com o tempo de 1min58s51, ele terminou a disputa na quinta colocação. Aos 30 anos, ele ganhou bronze em 2003, ouro em 2007 e prata em 2011 na prova que hoje é dominada pelo compatriota. Desta vez, porém, sai da sua principal disputa de mãos abanando.
4x100m livre feminino
Larrisa Oliveira, Graciele Hermann, Etiene Medeiros e Daynara de Paula fizeram bonito e ganharam o bronze nadando quase o tempo inteiro perto de Canadá e Estados Unidos. Embora não tenham conseguido atrapalhar as favoritas, as brasileiras fizeram bonito com uma equipe jovem, com todas as atletas com menos de 25 anos.
As brasileiras estiveram perto do briga pelos primeiros lugares o tempo todo, acompanhando de perto a briga entre as duas primeiras e por vezes sonhando com a prata. Com 3min37s39, fizeram o novo recorde sul-americano da prova.
"O time feminino cresceu. Hoje a gente competiu como um time mesmo", disse Graciele Hermann. "Quando eu vi estava do lado da Natalie [Coughlin, 12 vezes medalhista olímpica, que fechou a prova dos EUA] pensando: 'Vamos lá, se ela ondular eu vou junto'", completou Daynara de Paula, ao Sportv.
Em termos de resultado, o terceiro lugar em Toronto é pior que a prata de 2011, em Guadalajara. O nível da prova em 2015, no entanto, foi muito melhor, o que explica a empolgação das meninas. Na ocasião, lideradas pela veterana Flavia Delaroli, as nadadoras fizeram 3min44s62, quase sete segundos mais lentas que a equipe desta terça.
200m borboleta feminino
Para a nadadora pernambucana, especialmente, o resultado é significativo. É a primeira medalha da nadadora no nado borboleta. Revelação do Pan de Santo Domingo, em 2003, quando ganhou o bronze nos 400m medley, ela nunca havia subido no pódio de uma grande competição nadando os 200m borboleta.
"Saiu o recorde, estou feliz. Sabia que era uma prova aberta. Ganhar medalha é muito bom, mas não é tudo para mim. Fico feliz por ter feito a melhor preparação possível e nadado bem", disse Joanna Maranhão.
Joanna fez 2min09s38 e quebrou a própria marca pessoal, um recorde sul-americana que era de 2009. A brasileira cresceu durante a competição, especialmente nos 50m finais, e por pouco não brigou pela prata com a norte-americana Katherine Mills, que fez 2min09s31. A canadense Audrey Lacroix, com 2min07s68, foi medalha de ouro.
100m livre masculino
Nos 100m livre, Marcelo Chierighini perdeu a disputa com o argentino Federico Grabich e acabou na terceira colocação, mesmo sem concorrentes de peso.
É a primeira medalha de Chierighini em Jogos Pan-Americanos. Aos 24 anos, o paulista de Itu tem como melhor resultado na carreira o bronze no Mundial de piscina curta de Dubai, em 2010, no revezamento 4x100m livre.
O desempenho do brasileiro, porém, foi abaixo do esperado. Com 48s80, ele esteve muito acima do melhor tempo dele (48s11), embora tenha feito a passagem dos 50m na primeira colocação. Na segunda metade, foi surpreendido por Grabich, que fez o quinto melhor tempo do ano (48s26) nos 100m livre.
"Sinceramente não [esperava], o cara nadou muito bem", disse Chierighini ao Sportv, logo após a prova. Mais tarde, já na zona de entrevistas, ele admitiu que o resultado ficou abaixo do que esperava. "Estou satisfeito com a medalha, mas queria ter feito 48 baixo", disse o nadador.
100m livre feminino
Mais cedo, na primeira disputa, a favorita Natalie Coughlin foi surpreendida pela canadense Chantal van Landeghem, que quebrou o recorde pan-americano com o apoio da sua torcida. As brasileiras Larissa Martins e Graciele Hermann disputaram a prova e ficaram na quinta e sexta colocações, respectivamente.