Brasil atropela Argentina e está na final do polo aquático masculino
Antoine Morel e José Ricardo Leite
Do UOL, em Toronto (Canadá)
A seleção masculina de polo aquático vai novamente medir forças contra os EUA. O time venceu a Argentina nesta segunda-feira por 15 a 9 nas semifinais dos Jogos Pan-Americanos de Toronto. Há poucas semanas, os dois times se enfrentaram na decisão do bronze da Liga Mundial. Deu Brasil. Nos pênaltis. Nesta quarta, às 21h (horário de Brasília), se enfrentam por uma medalha de ouro. Algo que não acontece para o Brasil desde 1963, em um Pan disputado em São Paulo.
A seleção, que é comandada pelo croata Ratko Rudic, um dos melhores do mundo, é temida agora no mundo inteiro. Já até venceu os croatas – campeões olímpicos – esse ano. O time que provoca certa polêmica tem o espanhol Adria Delgado, o italiano Paulo Salemi, que adotaram a pátria dos pais, brasileiros. O cubano Ives Gonzalez aceitou defender a nação de sua mulher. Só dois deles, o croata Josip Vrilic e o sérvio Slobodan Soro, não tinham ligação com o Brasil antes da naturalização – ambos são jogadores Fluminense.
Felipe Perrone, capitão do time, é peça fundamental na transformação. Neste Pan, já fez 16 gols e é o cara que mostra a evolução do esporte no Brasil. Até ano passado, defendia a Espanha, onde foi vice-campeão mundial. Ele nasceu no Rio de Janeiro e agora volta a defender o país onde nasceu.
As "naturalizações" foram uma estratégia para colocar o time em patamar de medalha na Olimpíada de 2016, no Rio. Rivais, como os próprios norte-americanos, criticaram a estratégia. Perrone, antes de começar o Pan, comentou ao UOL Esporte: "Tem gente que reclama dessas naturalizações. O ´processo de criticar é normal. Eu respeito as opiniões. Mas o Adria e o Paulo são brasileiros por direito. Têm pais brasileiros, já eram brasileiros, só fizeram a opção por qual seleção queriam defender. E temos de lembrar que somos uma pátria de imigrantes, um país que aceita as pessoas. O caso do Josip e do Soro é mais discutível, mas o Brasil não montou um projeto de longo prazo. E, a curto prazo, trazer os dois é a solução que existe", explica.
No começo do jogo, os argentinos aguentaram o ataque brasileiro por pouco tempo. O físico brasileiro e as jogadas de ataque desnortearam os rivais em pouco tempo.
Os argentinos, então, tentaram apertar a marcação. No polo, o contato físico é intenso e algumas jogadas mais ríspidas apareceram. Felipe Santos, o Charuto, sofreu um corte e sangrou na piscina, tendo de levar três pontos no local ao final da partida. Vrlic, pivô brasileiro, sofria com a marcação e sobraram chutes debaixo (até em cima da água) e empurrões. Na parte final do duelo, apesar da ampla vantagem brasileira, Bernardo se envolveu em uma briga com Franco Demarchi.
Mas, se o clima foi quente no quesito marcação e confusão, o Brasil foi aumentando cada vez mais o placar até conquistar a classificação com certa tranquilidade.
Os gols brasileiros da partida foram feitos por Perrone, Delgado, Vrlic, três vezes cada, Bernardo Reis e Gonzalez, duas vezes, e Guilherme e Gustavo, em uma oportunidade.
A classificação brasileira para a final ainda é motivo de comemoração para os EUA. O melhor do Pan, exceto o Brasil que já tem vaga por ser sede, se classifica para a Olimpíada de 2016.