Rúgbi é pancadaria? As brasileiras do Pan espantam a imagem da brutalidade

Rodrigo Mattos

Do UOL, em Toronto (CAN)

  • Gaspar Nóbrega/Inovafoto/COB

É comum ver retratos de jogadores de rúgbi sem dentes, com os narizes distorcidos por pancadas. Essa imagem, no entanto, é da modalidade tradicional com 15 atletas. Jogadoras brasileiras no Pan-2015 dizem que a brutalidade passa longe na versão olímpica. Seus rostos não têm sinais de violência, e têm os cuidados de beleza de mulheres.

A equipe nacional, que figura entre as 10 melhores do mundo, tenta uma medalha de bronze em Toronto neste domingo. A prata e o ouro ficaram distantes com as derrotas para Canadá e EUA, neste sábado. É a primeira competição de grande porte continental com várias modalidades das jogadoras, que disputam etapas do circuito mundial da modalidade.

Não foi fácil chegar até aqui já que o esporte só ganhou apoio real a partir de 2010 quando se tornou olímpico. Até ali, era uma guerra para se manter financeiramente jogando e em alguns casos para convencer parentes de que o Rugby era um esporte para mulheres.

"Minha mãe falou: 'Não vai jogar esse esporte que é só porradaria. Mas expliquei que não era assim", contou Beatriz Futuro, que é Hooker, posição em que tem de dividir cabeça a cabeça a bola. "Meus irmãos já jogavam então foi mais tranquilo", completou Bruna Lotufo, da mesma posição.

Com mais espaço, o rúgbi de sete exige mais velocidade e menos contato do que a versão com 15 em que cada espaço é mais disputado. "Como sou magra, as pessoas perguntam: rúgbi? Mas você é magra."

De fato, a imagem das jogadoras brasileiras é bem diferente dos pesados atletas tradicionais. Têm os ombros fortes, mas são magras e esguias. Evitam gorduras em suas dietas. A maioria tem o peso próximo a sua altura, o que as torna mulheres fortes, mas não muito pesadas. Obviamente, também não é para ser magra tipo modelo.

"Comemos bastante, mas sem gordura. E não são aqueles pratos grandes. O mais importante é comer com pouco intervalo de jogo", contou Angélia Pereira.

As brasileiras são mais baixas do que as canadenses, melhor time do Pan, e ainda perdem em altura para as norte-americanas, embora não com grande diferença. Isso tem que ser superado com um jogo de velocidade, o que o Brasil não conseguiu diante dos dois times. Quem fez o ponto diante das americanas foi Isis, que é baixa e veloz.

Apesar dos contatos para derrubar adversárias, não são comuns machucados sérios no rosto. Em geral, contusões em joelhos e nos músculos costumam desfalcar mais os times. Não se deve achar, no entanto, que o esporte é suave. Tanto que usam proteção para os dentes e capacetes, principalmente para dividir as bolas. 

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