Quarentona chilena do Pan usa a cerveja na preparação para maratona
José Ricardo Leite
Do UOL, em Toronto (CAN)
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AFP PHOTO Eric FEFERBERG
Erika Olivera, maratonista chilena próxima dos 40 anos
Em menos de seis meses, Erika Olivera completará 40 anos, idade que muitos dizem que o corpo de um atleta profissional já começa a dar sinais de que está enferrujado. Só que a chilena ainda corre os 42 km e poucos da maratona, disputa provas ao redor do mundo e quer parar só depois dos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio, se conseguir o índice nos Jogos Pan-Americanos de Toronto. E, além disso, não dispensa ter pequenos prazeres, como a cerveja.
A veterana chilena tem uma técnica incomum um dia antes das provas: toma uma lata da bebida e depois vai para a cama. Segundo ela, isso ajuda a relaxá-la e passa mais tranquilidade. "A verdade é que isso um costume que tenho, não digo que dá certo para todo mundo, mas pra mim serve, é útil e me relaxa muito. Tomo uma lata de cerveja antes e só vou levantar no outro dia", falou a maratonista.
"Nunca tive problemas pra dormir antes de corrida, tenho facilidade pra dormir e descansar. É um método que comecei a fazer muitos anos atrás. E agora é parte das minhas manias antes de uma competição importante", continuou.
Olivera, ganhadora do ouro no Pan de 1999, em Winnipeg (no Canadá), ainda leva uma vida de estudante. Está no terceiro ano de administração de empresas. E também tem que cuidar da sua "grande família": são quatro filhos, sendo um homem e quatro mulheres. Reclamar do cansaço? Jamais. Pra ela, o segredo, entre outras coisas, é a alegria da vida.
"Creio que o segredo é aplicar o que aprendemos durante os anos e escutar mais o corpo. E manter a alma mais tranquila, porque felicidade... é a felicidade que nos permite aproveitar a vida, fazer sorrindo e com gana e força de vontade. Tenho quase 40 anos e espero terminar a carreira em 2017. Estou no final, como ganhei Winnipeg em 99, este vai ser meu último. É lindo me despedir no Canadá, onde ganhei meu único ouro em Pans", falou, em entrevista ao UOL Esporte.
A competidora é conhecida em seu país por se posicionar em muitas questões esportivas e políticas, algumas de teor crítico. Já disse que pretende se candidatar a deputada em 2017 para dar um apoio maior ao esporte chileno, que, segundo ela, está carente de representantes.
"Precisamos de pessoas no parlamento que entendam do esporte, que se interesse pelo que necessitam os esportistas. As pessoas que nos representam não foram esportistas e não sabem o significado disso, quero que seja algo mais profissional do que amador. Não só e no Chile, mas em todas as partes do mundo o atleta se dedica muito da vida a isso, e aqui no Chile eles ficam sem nada, não tem sequer um trabalho. Quero mudanças e leis que nos deem segurança."
No Pan de Toronto, sua meta é fazer o tempo de 2h42min para conseguir o índice para os Jogos do Rio, em 2016. "Gosto do Brasil e de suas pessoas. O Rio é uma cidade linda. Estive no Pan em 2007, mas infelizmente não terminei a prova e tive que abandonar. Era um dia de muito calor e estava úmido. Foi um sabor amargo não terminar."