Problema na coluna faz tenista que estreia em Pan perder força na perna

Fábio Aleixo

Do UOL, em Toronto (CAN)

Aos 19 anos de idade, Beatriz Haddad Maia -ou simplesmente Bia Maia - chama a atenção pelos seus cabelos loiros, sua altura de 1,84 m e o belo sorriso sempre estampado no rosto. No Pan de Toronto (CAN), o primeiro de sua carreira, desponta como principal esperança de medalha do Brasil no tênis feminino.

"Sou alta e pego forte na bola. A superfície aqui é rápida e boa para meu estilo de jogo. Acredito sim que dá para pegar uma medalha", afirmou a jovem que ocupa atualmente a 149ª posição do ranking da WTA.
 
A perseverança em seus objetivos e a fé de que tudo é possível foram lições aprendidas por Bia durante um dos momentos mais delicados de sua vida. Há dois anos, mais precisamente em 11 de outubro de 2013 - data que não sai de sua memória - a tenista sentiu um medo que jamais havia sentido antes. Temeu ficar para sempre em uma cadeira de rodas. Durante a disputa de um torneio na Geórgia (EUA), acordou de madrugada e não sentia a perna direita. O desespero bateu.
 
"Acordei às 4 da manhã e não sentia a perna, batia nela e nada. Liguei a água gelada e não adiantou. Neste momento, me deu medo, fiquei muito desesperada. Eu teria um jogo de duplas na manhã. Entreguei e imediatamente resolvi voltar para São Paulo. Passei as oito horas de viagem de volta de pé no avião chorando. Não sentia a perna. Mas não conseguia andar e nem ficar sentada, pois quando sentava pressionava o nervo ciático e doía demais", contou. 
 
"Na mesma noite que cheguei, fui para o hospital fazer a cirurgia da coluna. Estava com hérnia de disco que estava pressionando o nervo e tirando a sensibilidade. Depois da operação, vi que não era nada muito grave, pois saí caminhando. O susto havia passado", relembrou a tenista.
 
O problema na coluna – surgido em decorrência de uma fratura no ombro que a deixou três meses inativa – nunca mais voltou a acometer Bia. Mas até hoje não recuperou totalmente a sensibilidade da perna, nem a força.
 
"Eu já me adaptei a jogar mesmo sem ter 100% da força na perna, estou acostumada. Mas sei que ainda é preciso melhorar", afirmou Bia, que desde o problema se apegou a uma tecnologia chamada Gyrotonic para melhorar seu condicionamento físico. O método se baseia em exercícios funcionais e até meditações.
 
Em ascensão na carreira, Bia espera que o Pan a faça ainda mais conhecida para a torcida brasileira que a apoiou bastante neste ano no Aberto do Rio. A jovem paulista chegou a ter match points contra a italiana Sara Errani (atual 19ª do mundo), mas os desperdiçou e no terceiro set foi obrigada a abandonar a partida com câimbras.
 
"Estava em casa, jogando o melhor tênis da minha vida, não sabia como estava fazendo aquilo. Mas eu errei uma bola, fiquei nervosa, comecei a contrair toda a musculatura e ela cresceu. Ali perdi no psicológico. Mas para mim a pior derrota foi em Roland Garros, quando fiquei a dois pontos de passar para a chave principal (perdeu de virada para Olivia Rogowska)", disse Bia, que no Pan fará sua estreia contra a americana Sachia Vickery (112º), no domingo.
 
Sobre status de musa, Bia foge do assunto. Diz apenas que gosta de se cuidar e vestir bem, mas evita assumir o posto de uma das mais belas da delegação brasileira no Pan.
 
"Cada uma tem seu estilo. Mas é claro que gosto de me cuidar. Amo a mim messo acima de qualquer pessoa", disse.

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