Governos mostram Olimpíada irreal para estrangeiros em apresentação do Pan

Rodrigo Mattos

Do UOL, em Toronto (CAN)

Em exibição para veículos estrangeiros, durante o Pan de Toronto, autoridades brasileiras de todos os níveis de governos traçaram um mapa da Olimpíada do Rio-2016 que não confere com a realidade. Informaram que obras inconclusas estavam prontas, minimizaram o uso de recursos públicos e disseram que há transparência em contratos nunca revelados.

Com delegações que viajaram a Toronto custeadas por dinheiro público, a prefeitura do Rio, o governo do Estado, o Ministério do Esporte e a Autoridade Pública Olímpica fizeram uma apresentação de mais de uma hora no centro de imprensa dos Jogos Pan-Americanos. Veja os pontos levantados pelas autoridades, e o que acontece na realidade.
 

Instalações prontas

 
O presidente da Empresa Olímpica municipal, Joaquim Monteiro de Carvalho, afirmou que o Engenhão e a Lagoa eram algumas das instalações prontas para os Jogos. Só que estão em curso reformas com o custo de R$ 52 milhões no estádio olímpico, essenciais para sediar as competições. A previsão de serem finalizadas essas obras é abril de 2016. Em relação à Lagoa, as instalações a cargo do governo do Estado têm prazo para agosto deste ano.
 

Sem alagamento no Maracanã

 
"Não tem nenhuma inundação no Maracanã porque foram feitos piscinões na Praça da Bandeira", afirmou Monteiro de Carvalho. Das obras para aliviar a situação de enchentes na região do Maracanã, só o piscinão da Praça da Bandeira foi finalizado. Há outras intervenções como desvio de rio e outros reservatórios que eram previstos para a Copa-2014, mas ficaram para 2016. Em clássico no Estadual de 2015, entre Flamengo e Vasco, houve inundação em volta do estádio.
 

Sem estourar orçamento de sedes

 
Monteiro de Carvalho garantiu que não houve estouro em nenhuma obra olímpica, e estão todas no prazo de construção. A instalação do Centro de Tênis ultrapassou o custo em R$ 26 milhões do projeto feito pela prefeitura, o que tem obrigado o município a fazer uma ginástica financeira. Isso porque a licitação já previa um valor 48% do que o colocado na candidatura do Rio. O orçamento da Rio-2016 é de R$ 38 bilhões, cerca de R$ 10 bilhões a mais do que o previsto na postulação.
 

Baía de Guanabara

 
O secretário de esportes do Governo do Estado, Marco Antônio Cabral, afirmou que foi melhorado em quatro vezes o nível de qualidade de água da Baía de Guanabara. E manteve a meta de limpar 80% das águas dos locais, além de garantir que não haverá lixo flutuante nas áreas de competições. A limpeza da Baía foi interrompida neste ano porque os Eco barcos não estavam funcionando. O serviço foi retomado em junho após uma nova concorrência com um serviço incrementado. Atletas de Vela brasileiros reclamam do excesso de detritos na baía, onde treinam diariamente.
 

Transparência

 
Todos os níveis de governo e o comitê organizador afirmaram que têm um compromisso de realizar Olimpíadas transparentes. Apesar dos pedidos, a prefeitura se recusou a divulgar até agora o contrato de PPP do Parque Olímpico, o que Monteiro de Carvalho prometeu fazer agora. O Comitê Rio-2016 não publicou o seu balanço financeiro de 2014, enquanto, por exemplo, os canadenses, em Toronto, divulgaram todos seus gastos do comitê no Pan.
 

Participação privada nos gastos com instalações.

O presidente da Empresa Olímpica afirmou que 43% dos recursos para instalações olímpicas veio de fontes privadas, citando a Vila dos Atletas e o Parque Olímpico como principais itens. No Parque Olímpico, foi feito uma Parceria Público Privada em que a prefeitura investe R$ 500 milhões, e cede terrenos na região mais valorizada da Barra da Tijuca em troca de R$ 800 milhões em obras no local. Ou seja, na prática, a prefeitura está, sim, pagando pelas obras com terrenos. O mesmo tipo de parceria é feito em relação à Vila dos Atletas.
 

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