Diploma de arquitetura ajuda na vela? Candidata ao ouro no Pan acha que sim

Bruno Doro

Do UOL, em São Paulo

  • Washington Alves / Inovafoto / COB

Terminar uma faculdade significa crescimento na carreira. É a chance alçar de voos maiores, buscar oportunidades profissionais mais desafiantes. Com a velejadora Patrícia Freitas aconteceu justamente isso. Mas não do jeito que você deve ter imaginado...

Favorita para o bicampeonato dos Jogos Pan-Americanos na classe RS:X, ela terminou a faculdade de arquitetura no ano passado. Assim que conseguiu o diploma, seus resultados esportivos deram um salto. Em abril, por exemplo, ela terminou em terceiro lugar na etapa da Copa do Mundo de Hyeres, na França. Foi o melhor resultado da história do Brasil na prancha a vela feminina.

"Não foi por acaso que os resultados começaram a aparecer assim que eu me formei. A faculdade era uma promessa ao meu pai. Ele permitiu que eu me dedicasse à vela desde que não deixasse os estudos de lado. Fiz isso. Mas assim que terminei a faculdade, passei a ter muito mais tempo para treinar", conta a velejadora de 25 anos.

Ou seja: assim que a promessa foi cumprida e ela conseguiu deixar os livros de lado, os resultados vieram. Patrícia se mudou para Búzios, considerada a melhor raia para o windsurfe do país, e treina ao lado de Ricardo Winicki, o Bimba, campeão mundial de 2007. Além disso, conta com um técnico, Alexandre Paradeda, que foi a duas Olimpíadas e é medalhista pan-americano.

"Quando eu treinava no Rio de Janeiro, não tinha ninguém para comparar o rendimento. Eu era a única atleta de wind treinando. Em Búzios, você tem a galera do Bimba, que anda muito forte. E tem também o Paradeda. Eu estava sem técnico desde as Olimpíadas de Londres. Às vezes treinava com um, depois com outro. Agora, tenho toda uma estrutura montada para me dar suporte. Isso faz diferença", explica.

O que faz diferença, também, é o apoio que a atleta está sentindo. Torben Grael, dono de cinco medalhas olímpicas, nunca velejou competitivamente de prancha a vela. Mas, ao assumir o comando da vela olímpica do país, viu em Patrícia um potencial que não era percebido antes. "A gente sofria um pouco de bullying. Acho que os velejadores viam o pessoal da prancha muito estilo surfistão, desligado. Mas quando chegou o Torben, ele apostou no nosso projeto. E começamos a ser vistos de maneira diferente", admite.

Apesar do foco de Patrícia estar no esporte, se engana quem pensa que a arquitetura foi esquecida assim que o diploma foi para a parede. "O legal de ter feito a faculdade junto com os treinos foi que eu percebi que sempre fugia para a arquitetura para me distrair. Por isso, quando aparece alguma coisa da área, eu fico muito contente de fazer. Mas só faço para os amigos. É uma opinião para decorar, uma reforma pequena".

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