Capitão brasileiro, Portugal tenta se livrar de marcador canadense na estreia do Pan
30/10/2011 - 07h07
Rúgbi do Brasil busca medalha no Pan para sair da era do "comercial sacanagem"
Alexandre Sinato Em Guadalajara (México)
Placares elásticos adversos, falta de fãs, uma “maria-chuteira” confusa. Com cinco propagandas irônicas, a Topper, principal patrocinadora do rúgbi no Brasil, colocou o esporte na mídia nos últimos meses. A inferioridade da equipe virou motivo de piada. Mas agora os fortões barbudos que estão no Pan querem mudar essa imagem e conquistar adeptos de outra maneira: com um lugar no pódio em Guadalajara.
Quando os primeiros comerciais foram ao ar, os próprios jogadores estranharam seu teor. O narrador sentado na poltrona em um campo de rúgbi destaca a evolução do Brasil de diferentes maneiras: em 2009, perdeu jogos 79 a 3, 71 a 3; um ano depois, perdeu por 26 a 10, 31 a 8. Crescimento nítido, segundo a propaganda.
“Quando saiu o primeiro comercial, eu já era patrocinado por eles. Aí outros jogadores vieram me perguntar, meio irritados: pô, o que os caras estão fazendo? Eles estão tirando um sarro da nossa cara”, conta Fernando Portugal, capitão brasileiro.
BRASIL AVANÇA NO TERCEIRO LUGAR
O Brasil levou a melhor no duelo pelo rótulo de terceira força sul-americana no rúgbi seven. Depois de ser atropelado pelo Canadá por 45 a 0 na estreia e desperdiçar uma vitória contra os Estados Unidos (19 a 19), o time verde-amarelo superou o Chile por 14 a 7 neste sábado, repetindo o triunfo obtido no começo do ano pelo Sul-Americano. E a ansiedade que atrapalhou o sono da noite anterior e o desempenho da estreia já ficou para trás.
A estratégia da empresa era chamar a atenção, não importa como. Aos poucos, os jogadores pareceram entender melhor o objetivo da ação, que teve até uma maria-chuteira “fã” da modalidade que chama o esporte de “rúbgui”.
“Ninguém sabe que era uma batalha na época perder de 70, não era fácil. A verdade é que a ideia do comercial foi genial, foi a melhor maneira de as pessoas se interessarem mais pelo rúgbi, ninguém conhecia nada. E os nossos resultados na época ajudaram, porque realmente fomos evoluindo”, diz Portugal.
Parte da seleção não aprovou o comercial e suas piadas. No entanto, os jogadores admitem que o humor era a melhor maneira de chamar a atenção de uma torcida que se dedica principalmente ao futebol.
“Alguns não gostaram, mas eu achei válido, porque com humor é mais fácil cativar o brasileiro. O importante é que começamos a receber apoio. E muita gente que sabia que eu jogava vinha falar do comercial comigo. Foi uma boa iniciativa”, resumiu o craque do Brasil, Lucas Tanque, hoje com patrocínio pessoal da empresa que fez os comerciais.
Mas a seleção, agora, quer mostrar que a evolução não se restringe a goleadas menores. O Pan é encarado como uma chance única para levar o rúgbi ao conhecimento de mais brasileiros. A equipe se classificou em terceiro lugar do grupo B e entra em campo às 13h25 (de Brasília) deste domingo pelas quartas de final. O adversário será o forte Uruguai, considerado a segunda força da América do Sul (a Argentina é a favorita).