Robson Conceição (e) e Yasnier Toledo se agarram durante vitória do cubano; mais uma
30/10/2011 - 10h00
Chororô do Brasil com juízes não impede "lavada" de Cuba no boxe do Pan
Gustavo Franceschini Em Guadalajara (MEX)
O Brasil sofreu quando teve de encarar Cuba e, na maioria das vezes, saiu reclamando de um suposto favorecimento da arbitragem. O chororô não adiantou nada. Como acontece desde 1967, o país caribenho dominou os ringues no Pan, conquistando oito dos 13 ouros possíveis na modalidade.
As conquistas de Cuba se espalharam pelos dois gêneros. Em grande parte dos títulos, um brasileiro foi coadjuvante de luxo, perdendo lutas decisivas para os rivais. Foram cinco derrotas em cinco confrontos. David da Costa perdeu nas quartas, Everton Lopes e Myke Carvalho na semi e Robson Conceição e Yamaguchi Florentino na decisão.
“A estratégia dele foi acertar na guarda, porque estavam marcando tudo”, disse o campeão mundial Everton Lopes, após perder para Roniel Iglesias. “Não perdi para o cubano, perdi para o nome de Cuba, que é forte”, disse Robson Conceição na saída da derrota para Yasnier Toledo.
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As meninas do Brasil chegaram ao Pan bem cotadas e falharam. Adriana Araújo e Roseli Feitosa, que falavam em medalha de ouro, caíram na primeira luta que fizeram.
Para piorar, Roseli Feitosa, campeã mundial em 2010, trocou farpas públicas com seu treinador, que a acusou de ter treinado pouco para o Pan de Guadalajara.
As reclamações sobre a facilidade com que os cubanos recebem pontos e supostos erros de juízes não escondem a admiração da delegação brasileira, que admite a superioridade dos rivais. “Eles estão acima nas Américas. Hoje a gente pode dizer que é Cuba em primeiro e o Brasil em segundo”, disse Yamaguchi Falcão, medalha de prata na categoria até 81kg.
O resultado de Cuba no México é o melhor do país desde 1999, em Winnipeg, quando conseguiu nove ouros. O recorde da ilha é de 1991, quando os boxeadores conseguiram 11 primeiros lugares lutando em casa, na capital Havana.
Curiosamente, a marca positiva vem depois de um ciclo olímpico negativo. Em Pequim, em 2008, Cuba não subiu no lugar mais alto do pódio pela primeira vez desde Munique, em 1972 (o país boicotou os Jogos de 1984 e 1988). As deserções de atletas em competições internacionais e os maus resultados pareciam colocar em xeque a soberania do esporte da ilha.
“Cuba tem um nome muito forte no boxe. Mas se eles estão precisando debater para ganhar da gente, é sinal de que eles estão caindo”, disse João Carlos Gomes, técnico da seleção brasileira.