Velocista cria aparelho inspirado em biga do filme Ben-Hur e 'rouba' lugar do cavalo

“Os velocistas brasileiros ficam atrás nos primeiros 30 metros, mas depois são iguais aos velocistas do mundo inteiro.” A constatação é do veterano Sandro Viana, brasileiro inscrito em quatro provas do atletismo no Pan do México. Incomodado com tal cenário, ele criou um aparelho chamado Ben-Hur, inspirado nas bigas usadas no filme homônimo.

Nas bigas que foram usadas em combate na Antiguidade, dois cavalos puxam o “carrinho”. No projeto de Sandro Viana, ele substitui os animais justamente para treinar a força necessária no arranque das provas de velocidade. Pessoas podem subir em seu aparato para tornar o exercício ainda mais difícil.

“O brasileiro é sempre criativo. Pensei nesse aparelho vendo Ben-Hur. Preciso só terminá-lo, mas neste ano não tive tempo. Ele está em Manaus, mas o cara que vai montá-lo não entendeu algumas partes. Isso vai me custar uns R$ 1,3 mil, mas vou doá-lo para meu técnico usar com todos os atletas”, avisou.

A “biga” de Sandro Viana é apoiada em quatro rodas de bicicleta, para não prejudicar as pistas de atletismo. A ideia também tem uma pitada de adaptação. No passado, o velocista viu uma moto ser usada no treino de atletismo.

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“O Jayme Netto [treinador aposentado depois de escândalo de doping] usava uma moto para que os atletas a empurrassem, com gente em cima. No meu aparelho, a ideia é puxá-lo. Um cinto o prenderá na cintura e no ombro.”

Sandro pretende colocar Ben-Hur em ação em 2012, já pensando na preparação para as Olimpíadas de Londres. Antes, contudo, ele tem que se preocupar com a prova que ainda lhe resta no Pan. Sétimo colocado na final dos 200 m na última quinta, ele competirá no revezamento 4x100 m nesta sexta. A chance de uma medalha de ouro é real.

Ele e Bruno Lins Tenório foram poupados nas eliminatórias do revezamento e têm presença assegurada na final. "Os Estados Unidos também estarão reforçados, mas temos que esquecer os adversários. Podemos quebrar o recorde sul-americano. Temos o peso dos três títulos [o Brasil ganhou o revezamento desde 1999], mas faremos isso virar motivação".