UOL Pan 2011 Judoca da Cidade de Deus mantém trajetória meteórica com prata no Pan - 28/10/2011 - UOL Pan 2011
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Rafaela Silva lamenta perda da medalha de ouro na decisão do Pan de Guadalajara

Rafaela Silva lamenta perda da medalha de ouro na decisão do Pan de Guadalajara

28/10/2011 - 20h51

Judoca da Cidade de Deus mantém trajetória meteórica com prata no Pan

Bruno Doro
Em Guadalajara (México)

Nenhuma história no judô brasileiro é tão bonita quanto a de Rafaela Silva. Vinda de uma família de poucos recursos, ela nasceu e começou a lutar judô na Cidade de Deus, comunidade carente da zona norte-carioca. Descoberta no projeto social do medalhista olímpico Flavio Canto, nesta sexta-feira ela somou uma medalha de prata dos Jogos Pan-Americanos a um histórico impressionante.

Aos 19 anos, ela já é campeão mundial sub-20, vice-campeã mundial adulta e, para competir em Guadalajara, desbancou Ketleyn Quadros, a primeira brasileira a subir ao pódio no judô nos Jogos Olímpicos. Sétima do ranking mundial, ela sofreu com a maior experiência de sua rival, a cubana Yurisleidys Lupetey, 30 anos e campeã mundial de 2001.

"A altitude fez diferença. Estava sem ar desde o começo da luta. Aí você junta a falta de ar e a experiência dela, aí embaralhou tudo na minha cabeça. Ela tem 31 anos e eu ainda tenho 19", afirmou Rafael após a luta.

COXINHA É OURO COM LUTAS CONFUSAS

  • Jefferson Bernardes/Vipcomm

    Quem conhece judô sabe que quando o atleta consegue o ippon, o golpe perfeito, a luta termina. Nesta sexta-feira, o brasileiro Leandro Cunha, o Coxinha, desafiou esse conceito. Após uma série de confusões da arbitragem, ele conquistou a medalha de ouro do Pan na categoria 66 kg com quatro ippons em apenas três lutas.

Lupetey venceu em um dia que parecia ser da brasileira. Em sua estreia, aplicou um ippon na canadense Joliane Melançon. Na semifinal, o golpe perfeito não veio, mas ela dominou a colombiana Yadinys Amaris, por um waza-ari e três shidos – que equivalem a um ippon.

A medalha de prata mantém a grande temporada da carioca, após um desastre em 2010. No ano passado, ela teve problemas disciplinares e foi afastada da delegação que iria ao Mundial Sub-20 do Marrocos. Em 2011, ela já soma os títulos do Grand Prix de Dusseldorf e das Copas do Mundo de São Paulo e Salvador, além do vice-campeonato mundial em Paris. Após o Pan, ela passa rapidamente pelo Rio e já viaja para a África do Sul: ela é favorita para o título em seu terceiro Mudnial Sub-20, na Cidade do Cabo, no começo de novembro.

A Cidade de Deus

Rafaela começou a praticar o judô por insistência do pai, que queria tirar a menina briguenta das ruas. Ao lado da irmã, Raquel, que já fez parte da seleção, logo se destacou e passou a receber atenção especial de Canto e do técnico Geraldo Bernardes.

"Eu comecei no judô com cinco anos, perto de onde eu morava. Em 2000, passei a treinar no Reação [o instituto criado por Flávio Canto e seu técnico Geraldo Bernardes]. Meu pai reclamava que eu e minha irmã ficávamos muito tempo na rua. Então, eu fui fazer judô, e a Raquel foi fazer dança. No final, eu a convenci a vir para o judô também", diz Rafaela.

Canto, bronze nas Olimpíadas de Atenas-2004, não se cansa de elogiar a dupla: “Elas são as principais estrelas do Reação. Treinam desde o início, com o meu técnico (Geraldo Bernardes). É surpreendente ver como elas se desenvolveram rápido”.

"A gente tem muitos casos de transformação de sucesso no projeto. E as duas representam os dois caminhos que nós traçamos, unindo esporte e educação com sucesso. As duas estudam, a Raquel em universidade e a Rafaela em colégio, os dois particulares, por causa do projeto. Deixaram de ser bagunceiras na escola", completa.

Katherine perde e Brasil não é mais 100%

Última brasileira a disputar sua medalha, Katherine Campos perdeu e tirou do Brasil os 100% de aproveitamento em medalhas no judô. Na categoria até 63 kg, ela foi derrotada pela canadense Stéfanie Tremblay na decisão da medalha de bronze.

Antes, ela tinha passado pela porto-riquenha Jessica Garcia com dificuldades, em luta que incluiu até uma queda do tablado onde estão montados os tatames. Logo depois, teve uma atuação desastrosa contra a mexicana Karina Acosta e perdeu por punições.

Antes dela, o Brasil subiu ao pódio em todas as categorias, com com Leandro Cunha (66 kg), Bruno Mendonça (73 kg), Leandro Guilheiro (81 kg), Tiago Camilo (90 kg), Luciano Correa (100 kg) e Rafael Silva (+100 kg), no masculino, e Rafaela Silva (57 kg), Maria Portela (70 kg), Mayra Aguiar (78 kg) e Maria Suelen Altheman (+78 kg).

Medalhas

  • País
    Ouro
    Prata
    Bronze
    Total
    EUA 92 79 65 236
    CUB 58 35 43 136
    BRA 48 35 58 141

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