Sem Bernardinho, seleção brasileira está mais light com o assistente Rubinho (d)

Brasil troca gritos de Bernardinho por paz e tecnologia de Rubinho pela 1ª vez

A vitoriosa estreia da seleção brasileira masculina de vôlei no Pan de Guadalajara teve uma figura distinta no banco de reservas. Um homem dez anos mais jovem e com cabelos escuros segurava um iPad. Mas a maior diferença estava mesmo na postura. Nada de berros e puxões na camisa. No lugar de Bernardinho, um tal de Roberley Leonaldo. O assistente Rubinho assumiu a condição de titular pela primeira vez na equipe principal no torneio das Américas.

Desde 2006, as pessoas veem este homem de 42 anos ao lado de Bernardinho nas principais conquistas da seleção brasileira. No Pan de Guadalajara, Rubinho assume a responsabilidade de comandar a equipe enquanto o técnico oficial foca o trabalho para a Copa do Mundo – competição que será realizada em novembro no Japão e que dá três vagas para a Olimpíada de Londres-2012.

Na primeira experiência, Rubinho se comportou de forma bem diferente de Bernardinho. Andou de um lado para o outro com um iPad na mão e o radinho no ouvido. Ele passou várias informações a seus atletas durante a vitória por 3 a 0 sobre o Canadá, mas sem os habituais gritos do técnico ‘titular’. “O jogo foi mais tranquilo e eu não precisei intervir. Como técnico você está com o emocional mais aflorado. O assistente tem mais que abastecer com informações. A pressão é maior sobre o treinador e a grande diferença tem a ver com perfis de atuação”, explicou o atual treinador.

Rubinho tem 100% de autonomia na seleção no Pan de Guadalajara e é ele que escala o time, por exemplo. A comunicação com o técnico Bernardinho deve ser feita somente após cada partida. “Continua tudo a mesma coisa, o trabalho bem conjugado”, explicou. Esta é a primeira vez que o treinador assume o time principal. “Aconteceu uma vez, mas era diferente. Na Polônia, quando ele machucou o pé, eu tive que fazer. Mas foi um dia, aqui é a competição inteira”.

Rubinho passou quase todo o tempo de pé ao lado da área delimitada. Balançou a cabeça em sinal de aprovação ou reprovação de jogadas. Mesmo em uma bola duvidosa, ele manteve a calma. O árbitro marcou condução em defesa de Mário Júnior. O próprio líbero reclamou e Gustavo até levantou do banco para protestar. O técnico acompanhou atento, mas apenas aplaudiu a decisão de voltar o ponto. O iPad o abasteceu com informações e números em tempo real nos dois primeiros sets, mas ele continuou com a tradicional comunicação via rádio com o restante da comissão técnica .

“Foi bem tranquilo. No terceiro set, Rubinho teve seu lado Bernardinho. Não começamos bem e o Canadá ficou na frente. Ele deu aquela chamada para voltarmos para o jogo. Na verdade, os dois se completam. Rubinho é um grande treinador”, analisou o veterano Gustavo, que conhece bem Bernardinho e o assistente-técnico. Com o técnico de 42 anos no banco, o Brasil volta à quadra às 16h (horário de Brasília) desta terça-feira contra Porto Rico.