Mexicanos ajudam na contagem das bebidas ingeridas pelo repórter no trem da tequila
Pauta do dia: embarcar no trem da tequila, passeio regado à típica bebida mexicana. E 26 drinks depois, pareço ter sido atropelado pelos cinco vagões que compõem o trem que parte da sede do Pan e vai até uma fazenda produtora de tequila.
O combinado era escrever sobre a aventura etílica ainda sob efeito do álcool, logo depois do passeio no último sábado. Por 26 razões, contudo, isso não foi possível. Restou, então, recorrer à memória (ao que restou dela) na manhã deste domingo, combatendo a ressaca e todas aquelas sensações que te fazem prometer nunca mais chegar perto do álcool.
Mario, Orlando e Alejandro. Esses são os nomes dos inconsequentes garçons que contribuíram 26 vezes para essa pauta. As fotos apresentam os rostos desses carrascos “tequileiros”. A ressaca me faz pensar que eles mereciam estampar aqueles cartazes policiais de “procurados”.
Mas os verdadeiros culpados têm outros nomes: margarita, paloma, vampiro, charro negro, algunas cervezitas e ela, a tequila (obs: o simples ato de escrever a palavra tequila já causa inúmeros transtornos estomacais, assim que passarei a chamá-la de malvada, por questões óbvias).
O trem da ida nada se parece com o da volta. O vagão é o mesmo, mas as pessoas que saíram às 10h15 de Guadalajara se transformam na viagem de volta, às 16h30. Seis horas de malvada fazem isso. Cantorias, risadas mais altas e interação ganham força. Os mariachis começam a rebolar. E os garçons acompanham os turistas nas bebidas.
Mario, inclusive, é especialista em virar cerveja. Em poucos segundos, acaba com os 350ml da lata sem derrubar uma gota. Como estou mais para maratonista do que para velocista, não consegui acompanhá-lo, mas Manoel, estudante de Acapulco, gostou do desafio e não deveu nada para o compatriota.
A dupla, porém, não foi párea para os 26 drinks. Seguramente hoje eles estão mais inteiros do que eu, mas como diria o superior do Capitão Nascimento em "Tropa de Elite", missão dada é missão cumprida.
A meta era anotar todos os drinks que tomei e os horários de cada um. Tudo ia bem até o 11º. A partir daí, a malvada venceu a razão. Mas o registro foi feito em fotos: como mostra o álbum acima, os 26 golpes foram divididos em 15 doses de malvada, 4 drinks com malvada e 7 cervejas.
Todos eles, contudo, não foram suficientes para forçar minha participação no concurso de dança depois do almoço na fazenda, contrariando a previsão de Maria López. A vendedora de bugiganga apostou que me veria dançando depois de algumas doses. Nada feito. Mas o animado concurso rendeu um cenário bizarro: ajudado pelos efeitos da malvada, ele transformou a área do almoço numa espécie de Porto Seguro do México.
O DJ não tocou axé, mas as músicas eram animadas. O repertório teve da cumbia apreciada por Carlitos Tevez até algumas músicas pop, com direito a mãozinhas para cima e muito rebolado. O prêmio para o vencedor? Uma garrafa de malvada. Também teve música de corno (interpretada por uma espécie de Vando rejuvenescido) e os tradicionais mariachis.
O passeio custa 1.200 pesos mexicanos (cerca de R$ 160) e inclui a passagem de trem, um almoço caprichado, apresentações típicas e malvada. Muita malvada. Informalmente, também inclui risadas, boas histórias, uma ressaca recorde e o homicídio de alguns neurônios. Nos próximos dias, já pedi à chefia para fazer pautas longe de trens, tequilas e mariachis. Até porque o estoque de sal de fruta está no final e o Pan está só começando.
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