UOL Pan 2011 Revelação gaúcha já teve de recorrer a rifa e pedágio para comprar tênis de atletismo - 04/10/2011 - UOL Pan 2011
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04/10/2011 - 23h34

Revelação gaúcha já teve de recorrer a rifa e pedágio para comprar tênis de atletismo

Alexandre Sinato
Em São Paulo

Lutimar Paes é um dos novos nomes do atletismo brasileiro e está confirmado no Pan de Guadalajara. Este ano estabeleceu sua melhor marca nos 800 m (1min45s32) e disputou o Mundial de Daegu. Mas há cerca de quatro anos, em vez de participar do mesmo campeonato que o fenômeno Usain Bolt, ele dependia até de rifa para comprar um tênis de corrida.

O CAMINHO ATÉ AS OLIMPÍADAS DE 2012

  • Wagner Carmo/CBAt

    Lutimar está animado com a disputa do Pan, mas já planeja um voo mais longo: as Olimpíadas de Londres, em 2012. Ele, inclusive, já conseguiu correr abaixo do tempo exigido pela Federação Internacional de Atletismo (Iaaf) nos 800 m (1min45s60).

    "Já tenho o índice olímpico, fiz ele duas vezes este ano, e agora preciso apenas repetir isso no ano que vem para confirmar a vaga", comentou o gaúcho.

“Quando eu competia em Cruz Alta não tinha nem tênis para treinar, não tinha verba. Meu treinador fazia rifa e pedágio [no trânsito da cidade] para levantar dinheiro. Eu conseguia ir para Porto Alegre competir apenas duas vezes por ano. Fiquei correndo lá dos 15 aos 17 anos”, conta Lutimar, referindo-se a sua cidade natal. Cruz Alta tem 62 mil habitantes e está a pouco mais de 300 km de Porto Alegre.

Foi lá que Lutimar sonhou ser jogador de futebol antes de parar nas pistas. Ele atuava como volante e, como muitos garotos, via no esporte uma esperança de futuro melhor. “Eu me desiludi. Futebol é muito complicado. Se você não tiver um bom empresário, não consegue crescer. Por isso gostei tanto do atletismo, dependo só dos meus resultados.”

Seu técnico no futebol o levou para o atletismo ao perceber sua velocidade. Mesmo sem recursos, Lutimar treinou durante dois anos em sua cidade. “Dois anos depois eu já era campeão brasileiro juvenil e medalhista pan-americano na minha categoria.”

Os bons resultados lhe renderam um convite do BM&F para treinar em São Paulo. “Não pensei duas vezes.” O início, contudo, foi difícil. O tímido garoto do interior gaúcho ficou assustado com a maior cidade brasileira.

“O começo em São Paulo foi muito duro, era muito diferente. Sofri bastante. Sentia muita falta da família. Eu fiquei meio isolado durante o primeiro ano, mas depois fui me soltando aos poucos, conhecendo mais a cidade. Hoje estou adaptado”, conta o atleta, atualmente defendendo o Pinheiros.

Não foi apenas a cidade que mudou na vida de Lutimar. Muita coisa aconteceu nos últimos quatro anos. Ele melhorou sua marca a cada temporada e em 2011 esteve no Mundial de Daegu. Não passou da eliminatória, mas pôde observar de perto o recordista e campeão mundial David Rudisha, do Quênia.

“Foi um sonho realizado estar entre os melhores, mas tenho muito para evoluir e conquistar. Foi uma grande felicidade e deu uma motivação maior estar entre os recordistas mundiais. Na final fiquei vendo todos os detalhes do Rudisha e tirei uma foto com ele. Quem sabe um dia eu chego lá.”

Em casa também teve novidade. Há cinco meses, Lutimar acompanhou o nascimento de João Pedro, seu primeiro filho. As competições internacionais o deixam longe do pequenino, mas é por uma boa causa, conforma-se o atleta. “No Mundial eu fiquei com muita saudade, mas preciso trabalhar para ele sentir orgulho de mim e para que eu possa dar um bom futuro.”

Medalhas

  • País
    Ouro
    Prata
    Bronze
    Total
    EUA 92 79 65 236
    CUB 58 35 43 136
    BRA 48 35 58 141

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