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UOL Pan 2011 Sem apoio, atletas do Pan se viram como caixa de boliche e com shows de patinação - 21/07/2011 - UOL Pan 2011
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21/07/2011 - 07h00

Sem apoio, atletas do Pan se viram como caixa de boliche e com shows de patinação

Aline Küller e Júlio Delmanto
Em São Paulo

A reclamação – ou constatação – da falta de apoio, seja privado ou público, para o esporte olímpico no Brasil é constante entre os atletas que disputarão, em outubro, os Jogos Pan-Americanos de Guadalajara.  As estratégias de sobrevivência dos que não conseguem se profissionalizar são diversas, e em alguns casos incluem formas que mantém a proximidade com o esporte praticado.  São atletas que vivem do esporte, mesmo que não consigam se sustentar somente com as competições.

Marizete Scleer, por exemplo, já garantiu vaga no boliche para Guadalajara, porém até lá dependerá da ajuda dos amigos, já que está desempregada e não recebe nenhuma ajuda de custo da Confederação da modalidade ou do COB. Seu último emprego foi em um boliche, onde trabalhava como caixa e na organização de eventos.

“Estou desempregada desde fevereiro e ainda não pagaram a minha rescisão. Trabalhava em um boliche em Belo Horizonte, fiquei desempregada durante as eliminatórias para o Pan. Agora, só estou treinando, quis me dedicar ao Pan e depois procurar outro emprego. Estou vivendo da ajuda de amigos, não estou tendo fonte de renda nenhuma.”, relata Scleer.

“Nunca fiquei desempregada por muito tempo e agora é muito complicado, você não ter o que receber no ficar no final do mês. Porém, não dá para conciliar com um outro emprego e o Pan, estamos viajando bastante. É difícil conseguir um emprego novo e conseguir essa liberação”, lamentou a jogadora de boliche.

Scleer, que já pensou em desistir do esporte ao ficar fora dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, afirma que não consegue ver seu futuro longe da modalidade. Quando trabalhava no boliche em Belo Horizonte, a atleta trabalhava no caixa e fica em contato direto com o público do estabelecimento, além de ser responsável pela coordenação das festas.

Shows de patinação e fabricação de velas como alternativas

O gaúcho Marcel Stürmer, medalha de bronze no mundial de patinação artística em 2002 e duas vezes ouro no Pan, em 2003 e 2007. Além das competições, Stürmer faz shows de patinação, aproveitando as conexões entre sua modalidade e a arte.

“Meu foco é o esporte, e minha carreira de artista”, explica Stürmer, que já chegou a manter uma média de 50 shows por ano. “Em 2008 e2009 montei um show próprio, e agora por questão de tempo está parado, quero retornar assim que passarem as competições. Patinação é um esporte-arte, faço muitas apresentações fora, coisas televisionadas na Europa”, conta.

O velejador Maurício Santa Cruz, que já participou de duas Olímpiadas e já venceu os Jogos Pan Americanos, também frisa as dificuldades de conseguir patrocínio, mesmo sendo um atleta de ponta em sua modalidade: “A cultura das empresas no Brasil não vê o esporte como boa ferramenta de negócio, precisamos quebrar esse paradigma”.

Para se sustentar, Santa Cruz  tem uma empresa que desenvolve e vende velas para competições. Além de desenvolver as velas para seus próprios barcos, Santa Cruz comercializa produtos para os distintos tipos de embarcações de competição. Uma vela de tecido “kevlar”, “resistente a deformação e extraordinariamente fino”, como define o site da empresa, sai por R$ 3.580,00 , por exemplo.

Atletas e professores

Marizete Scleer também entra na lista de atletas que fazem um bico como professores. Além do trabalho no caixa do boliche, a atleta dava aulas. “Tinha uma faixa de 30 alunos entre 2000 e 2004. Era baratinho, cobrava R$ 60 por quatros aulas de 1h/1h30”, explica.

Já Alexandre Tinoco, velejador, além de competir trabalha atualmente como técnico e já se ocupou de diversas atividades na área de sua modalidade. “Já ensinei crianças a velejar através de escolas de vela e fiz parte de uma empresa brasileira de construção naval sediada que fabrica barcos a vela e a remo, entre outros projetos com fibra de carbono”, conta Tinoco.

Julia da Silva Balthazar é outra que dá aulas de sua modalidade, a patinação artística. Ela trabalha em uma escola de patinação em Porto Alegre, onde dá aulas, em grupo ou particulares, para crianças e adultos. Júlia divide as competições e treinamentos com seu trabalho de professora e seus estudos na faculdade de educação física.

O cavaleiro César Almeida também sustenta a família com o dinheiro que ganha no trabalho em haras e com as aulas de equitação, que costumam sair entre R$ 200 e 250, quando a escola fornece cavalo, e R$ 800 para aulas individuais.

Medalhas

  • País
    Ouro
    Prata
    Bronze
    Total
    EUA 92 79 65 236
    CUB 58 35 43 136
    BRA 48 35 58 141

Atletas Brasileiros

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