UOL Esporte - Pan 2007
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31/07/2007 - 10h10

Esperança com novo estande de tiro se confunde com frustração

Bruno Doro
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

O tiro esportivo brasileiro terminou o Pan-Americano esperançoso. Com o novo Centro Nacional de Tiro Guilherme Paraense, erguido em uma área militar no distante bairro de Deodoro, no Rio de Janeiro, o esporte ganhou uma instalação de primeiro mundo, elogiada por brasileiros e estrangeiros.

EFE
Júlio Almeida conseguiu o melhor resultado do tiro brasileiro nos Jogos Pan-Americanos
O resultado dos atiradores no Pan, porém, ficou longe dos elogios. Com a medalha de prata de Júlio Almeida na pistola livre e o bronze de Fernando Cardoso Júnior no tiro rápido, o Brasil piorou seu desempenho em relação ao Pan de Santo Domingo, em 2003, quando foram três medalhas, uma de prata e duas de bronze.

O maior destaque foi Almeida, que ficou perto do ouro. Não conseguiu ouvir o hino, mas conquistou uma vaga nos Jogos Olímpicos de Pequim, no ano que vem. "Minha preparação foi toda por essa vaga olímpica. Era o meu grande objetivo, mais do que a medalha", afirmou o atirador carioca, major da aeronáutica, que serve no interior de São Paulo.

O grande culpado pelo declínio do desempenho foi a instabilidade política e financeira da Confederação Brasileira de Tiro Esportivo na preparação para os Jogos. Os atiradores não tiveram, por exemplo, técnicos durante todo o período que antecedeu o Pan.

Os treinadores estrangeiros, que comandavam as equipes de prato e bala, o italiano Carlo Danna e o ucraniano Anatoli Pudominis, foram demitidos e reconduzidos ao cargo ao sabor de liminares, que destituíam ou empossavam dirigentes. Sem dinheiro, a Confederação também cancelou o fornecimento de munição para a preparação para o Pan.

"Nosso planejamento foi muito ruim. Foi uma falta de organização por parte da confederação. O tiro está desorganizado. Quem paga somos nós", disparou Rodrigo Bastos, prata em Santo Domingo e a maior esperança de medalhas do tiro esportivo brasileiro, mas que não conseguiu se classificar para a final da fossa olímpica.

Problemas também no estande

Recém-inaugurado e elogiado, porém, o estande de tiro do Centro Nacional prejudicou o desempenho de alguns atletas no Pan. Um problema no projeto fez com que alguns alvos ficassem na sombra, dificultando a mira dos atiradores.

O defeito fica nas primeiras raias de cada seção. Segundo o brasileiro Wladimir Silveira, que atirou em uma delas, o problema de iluminação é muito prejudicial. "Os alvos ficam na sombra e você tem áreas de sol até lá. A luminosidade não é constante e deixa o ajusta da arma impossível", explicou.

O projeto do estande foi completamente copiado do construído em Sydney, para as Olimpíadas de 2000. "Mas acho que eles fizeram alguma coisa errada, esqueceram de pensar no sol. Porque durante a prova, com o movimento do sol, uma sombra desce do pára-balas e atinge o alvo, mas essa luminosidade vai sempre mudando", diz Silveira.

O centro de tiro está dentro da Vila Militar de Deodoro, no subúrbio carioca. As instalações, que contam ainda com um centro nacional de hóquei na grama, outro de pentatlo moderno e mais um de hipismo, além de instalações temporárias para tiro com arco, custou R$ 198,8 milhões aos cofres públicos, em verba do Ministério do Esporte.