UOL Esporte - Pan 2007
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31/07/2007 - 08h52

Medalhas e recordes da natação maquiam chances em Pequim

Fernanda Brambilla
Enviada especial do UOL
No Rio de Janeiro

A natação encerrou os Jogos Pan-Americanos com sua principal meta cumprida: a modalidade foi mais uma vez a que mais contribuiu para o Brasil no quadro de medalhas, com 29 pódios, dos quais 12 ouros. O resultado superfaturado, que contou com a inclusão da maratona aquática para engordar a conta, encheu os olhos dos dirigentes, que consideraram 2007 o "Pan da natação".

EFE
Após seis medalhas de ouro, Thiago Pereira levou o bronze na prova dos 100 m costas
OURO DE REBECA GUSMÃO
CIELO LEVA O OURO NOS 50 M LIVRE
"Essa foi a competição mais importante para a história do esporte no Brasil", afirmou o presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos (CBDA), Coaracy Nunes. "Essa geração que está aí é melhor do que a passada, isso é uma realidade. Os resultados técnicos foram sensacionais. Os tempos feitos aqui colocam um grupo de sete ou oito nadadores em totais condições de trazer medalhas nos Jogos Olímpicos de Pequim."

O que não é de totalmente verdade, ao menos ainda. No âmbito pan-americano, os resultados são realmente impressionantes. O resultado do Brasil em casa foi bem superior ao de Santo Domingo-03, quando foram 21 medalhas conquistadas; mas, comparando os tempos brasileiros no Pan com os índices obtidos em Melbourne, no início do ano, a festa verde-amarela seria muito mais modesta.

Mas quem mais brilhou nas piscinas foi Thiago Pereira, que conquistou sozinho um terço do total das medalhas de ouro do Brasil. As provas de 200 m e 400 m medley, 200 m costas, 200 m peito, e revezamentos 4 x 100 m e 4 x 200 m, Pereira venceu e cumpriu uma maratona pessoal que o levou a quebrar o recorde de número de ouros em um único Pan.

Até então, outro nadador Djan Madruga, que em San Juan-1979 subiu seis vezes ao pódio (três pratas e três bronzes), detinha o índice. Pereira superou também o mito americano Mark Spitz, que no Pan de Winnipeg-1967 subiu cinco vezes ao lugar mais alto do pódio.

Se os brasileiros competissem a nível mundial, a única medalha viria com o velocista César Cielo, que cravou 21s84 nos 50 m livre, melhor do que o tempo do medalhista de ouro no Mundial, o norte-americano Benjamin Wildman-Tobriner, que fez 21s88.O recorde mundial da prova é do russo Alexandr Popov, com 21s64. Nos 100 m livre, porém, Cielo seria o sétimo colocado com seus 48s79.

Nos 200 m peito, por exemplo, Pereira marcou 2min13s51, bem atrás do japonês Kosuke Kitajina, que venceu o Mundial com 2min08s90. Com essa marca, o brasileiro nem estaria na final. Nos 200 m medley, Pereira obteve 1min57s79, recorde pan e sul-americano. O índice é melhor do que o anotado pelo nadador no Mundial, quando foi quarto colocado, mas ainda o deixaria na quarta posição. O norte-americano Michael Phelps, recordista mundial, tem 1min54s98. Na outra prova de medley, os 400 m, Pereira tem 4min11s14, suficientes para um quarto lugar, contra 4min06s22, novamente de Phelps.

O calculismo também não perdoaria Kaio Márcio, vencedor dos 100 m e 200m borboleta. Nas duas provas, os 52s05 e 1min55s45 dariam ao paraibano o quinto lugar nas duas provas.

No feminino, Rebeca Gusmão sagrou-se a primeira medalhista de ouro do país, e quebrou o tabu logo com duas vitórias, nos 50 m, com novo recorde pan-americano, e 100 m livres.