Dois cubanos abandonaram o ringue pan-americano para se profissionalizarem na Alemanha e, mesmo assim, os caribenhos continuaram sua supremacia no boxe, que vem desde os Jogos de Cali, em 1971. Por outro lado, o Brasil colocou oito pugilistas na semifinal, mas apenas o meio-médio Pedro Lima conseguiu obter o ouro e quebrar o jejum de 44 anos sem ouvir o hino nacional no Pan, desde o também caseiro São Paulo-1963.
Cuba e Brasil tiveram o mesmo número de medalhas (oito), mas os metais foram bem diferentes - dourado para os caribenhos (cinco) e bronzeados para os anfitriões (seis).
Principal potência mundial da modalidade, Cuba viu suas medalhas decrescerem. Foram cinco dos 11 ouros em disputa, enquanto em outras edições a ilha colheu até 11 (Havana-1991), 10 (Indianápolis) e 9 (Winnipeg-1999). "Vamos ficar com seis ouros. Os outros países também precisam ganhar", se vangloriou o técnico Rolando Garbey, cujo pupilo, Guillermo Rigondeaux, foi um dos desertores.
Na briga para manter a supremacia no boxe pan-americano, Cuba sofreu seu mais duro golpe fora dos ringues, com as deserções de Guillermo Rigondeaux (galo) e Erislandy Lara (meio-médio), pugilistas favoritos em suas respectivas categorias, no transcorrer da disputa dos Jogos do Rio. "Cinco ouros com nove participantes é um resultado positivo", comentou Pedro Roque, técnico da equipe cubana.
Já o Brasil teve sua melhor preparação, com uma equipe permanente, estágios no exterior e selecionando os melhores da Bahia e Pará, celeiro de boxeadores do país. Mas, na hora da decisão, faltou experiência e físico para decidir. "Na técnica não perdemos para ninguém. O problema é manha dentro das cordas", disse Acelino "Popó" Freitas, que foi o chefe de delegação no Rio. Myke Carvalho deixou o rival virar a luta nos últimos segundos, enquanto James Dean Pereira lutou com guarda baixa devido a uma contusão no ombro.
Rigondeaux, medalhista de ouro nas Olimpíadas de Sydney-2000 e Atenas-2004 e campeão pan-americano em Santo Domingo-2003 na categoria até 54 kg (galo), e Erislandy Lara, campeão mundial de 2005 da categoria até 69 kg (meio-médio), não compareceram à pesagem obrigatória antes de suas lutas. A deserção dos dois pugilistas foi confirmada no dia seguinte pelo presidente cubano Fidel Castro.
Erislandy Lara era o principal favorito entre os meio-médios, categoria que viu a conquista de Pedro Lima. "Eu estava preparado para enfrentar o cubano, veio o americano e venci", declarou Lima após seu combate. Agora a ambição dos brasileiros é conseguir uma medalha qualquer na Olimpíada, afinal, a única foi conquistada na Cidade do México, em 1968, com Servílio de Oliveira.