UOL Esporte - Pan 2007
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30/07/2007 - 08h52

No vôlei, Brasil segue rotina no masculino e no feminino

Lello Lopes
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

O Brasil seguiu a rotina mostrada nos últimos anos com suas seleções de vôlei. Enquanto o time masculino ganhou mais um título, o feminino voltou a falhar em momentos decisivos e perdeu o campeonato.

Flávio Florido/UOL
Jogadores comemoram fim do jejum no Pan e conquista do único título que faltava
Flávio Florido/UOL
As brasileiras, ao contrário, falharam na hora decisiva e foram derrotadas em casa
MULHERES FICAM COM A PRATA
HOMENS SÃO O OURO
As duas seleções tiveram baixas às vésperas do Pan. Entre as mulheres, a ponteira Jaqueline foi cortada após o Comitê Olímpico Italiano (Coni) revelar um resultado positivo no exame antidoping. Na urina da jogadora foram encontrados traços de sibutramina, uma substância proibida. A atleta alegou que ingeriu a substância após tomar um chá para combater a celulite.

No masculino, a baixa foi mais traumática. O levantador Ricardinho, capitão da seleção e considerado o melhor do mundo em sua posição, foi cortado do time pelo técnico Bernardinho, que alegou um "desgaste" na relação entre ambos. Em seu lugar o treinador convocou o filho, Bruninho.

Se a ausência de Jaqueline foi esquecida sem maiores transtornos, a de Ricardinho causou um constrangimento. Na estréia do Brasil, contra o Canadá, o técnico Bernardinho e o levantador Bruninho foram vaiados no ginásio do Maracanãzinho.

Bruninho, de 21 anos, demonstrou maturidade ao falar sobre o assunto. "Ouvi alguma coisa quando entrei. Acho normal porque todo mundo queria ver o Ricardinho. Até eu queria ver o Ricardinho. Mas a torcida vai se acostumar e vai apoiar como apoiou no final do jogo", afirmou o jogador.

E o levantador estava certo. A partir da segunda partida, contra Cuba, as vaias cessaram. Todos os jogadores foram incentivados, entre eles Marcelinho, que assumiu a posição de titular no levantamento.

Na primeira fase, tanto no torneio masculino quanto no feminino, o Brasil teve um rendimento apenas razoável contra adversários pouco gabaritados. Nas semifinais, as seleções deram show. As meninas arrasaram os Estados Unidos, enquanto os meninos bateram a Venezuela e enterraram de vez o fantasma da derrota do Pan de Santo Domingo-2003.

Os maiores problemas nas semifinais aconteceram fora da quadra. Muitos torcedores não conseguiram entrar no reformado ginásio do Maracanãzinho porque tinham ingressos com horários diferentes aos dos jogos do Brasil. A torcida entrou em confronto com a polícia e com membros da Força Nacional.

Nas decisões, as seleções do Brasil repetiram os roteiros traçados nos últimos anos. O time feminino reviu a semifinal dos Jogos de Atenas-2004 e a final do Mundial do Japão-2006, ambos contra a Rússia, quando deixou escapar vitórias que tinha nas mãos.

No Pan do Rio, foi a vez de Cuba ser algoz do Brasil. A seleção do técnico José Roberto Guimarães desperdiçou seis match points na partida e levou a virada das cubanas, ficando apenas com a prata. "A gente precisa saber decidir", resumiu a ponta Sassá.

No masculino, a escrita foi diferente. O Brasil não deu a menor chance para os Estados Unidos e conquistou pela 17ª vez um torneio oficial sob o comando de Bernardinho. O Pan era o único título que faltava ao time, campeão olímpico, bicampeão mundial e hexacampeão da Liga. A conquista encerrou um jejum de 24 anos sem ouro na competição.

"Por tudo o que aconteceu, coloco essa medalha lá em cima", disse o meio-de-rede Gustavo, que participou de uma homenagem dos jogadores a Ricardinho: no pódio, os atletas levaram uma bandeira do Brasil lembrando o levantador do pacto que fizeram de disputar a Olimpíada de Pequim juntos.