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30/07/2007 - 09h03

Pan acelera crescimento de nova geração da ginástica

Giancarlo Giampietro
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

Foi até emblemático. Com a gaúcha Daiane dos Santos afastada por uma lesão, abriu-se o espaço para a nova geração da ginástica artística mostrar seu potencial.

Flávio Florido/UOL
Jade e Laís Souza ganharam a medalha de ouro e bronze, respectivamente, nos saltos
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Daiane participou apenas na conquista da medalha de prata por equipes. O tornozelo esquerdo inchado a afastou das finais individuais por aparelho. A deixa para o público brasileiro conhecer, para valer, Jade Barbosa, 16, as novatas Khiuani Dias e Ana Cláudia Silva, ambas de 15 anos.

Jade foi a grande sensação do país entre as meninas. Ela primeiro teve a chance de ganhar o título no individual geral, mas falhou no último exercício, a barra fixa, e deixou o pódio escapar, terminando com a quarta colocação. No dia seguinte, porém, ganhou duas medalhas - o bronze no solo e o aguardado ouro no salto.

A ginasta encarou pela primeira vez em sua breve carreira um ginásio lotado na Arena Multiuso, com um público não muito acostumado a acompanhar o esporte. "Com certeza ganhei experiência. Os técnicos falaram que eu não tinha obrigação de ganhar nada, mas com certeza o que aconteceu vai me ajudar bastante para o Pré-Olímpico."

Para Eliane Martins, supervisora técnica da CBG (Confederação Brasileira de Ginástica), o desempenho não foi nem um pouco surpreendente. "A gente que acompanha o dia-a-dia já sabia do que ela era capaz. Ela é hoje nossa ginasta mais completa, a mais forte. Só não imaginávamos como iria se comportar psicologicamente. E as pequenas também", disse a dirigente.

As "pequenas" são justamente Khiuani e Ana Cláudia, duas que estão no primeiro ano de seleção. A primeira foi, de modo surpreendente, a responsável pela abertura dos exercícios na competição por equipes. E mostrou que tem como forte a explosão física - ela terminou com a nona colocação no individual geral. Enquanto Ana Cláudia é menos atlética, mas tem mais classe em seus movimentos.

Cultivadas já durante a gestão do ucraniano Oleg Ostapenko, as duas ainda se juntam a Laís Souza, 18, que conquistou o bronze nos saltos e nas barras, mesmo competindo com uma lesão na perna, que atrapalhou seus treinamentos durante toda a temporada.

"O Pan mostrou que a ginástica já não depende de talento nato. É o resultado de um sistema. Esse resultado mostrou que a equipe se desenvolveu como um todo e que já não dependemos de um ou outro atleta", afirmou Martins.

Depois de longo período de treinamento, os Jogos Pan-Americanos serviu para acelerar o amadurecimento das atletas. "De todas as competições que já disputamos, essa foi a mais difícil. Era muita gente em volta e muito barulho, e na ginástica você precisa do máximo de concentração. Foi muito difícil. Agora, qualquer evento vai ser fácil para elas, então foi importante nesse aspecto, agora elas podem competir bem."

O Mundial de Stuttgart, em setembro, é o próximo desafio das ginastas. "A gente não pára; Já temos esse evento pela frente e precisamos dar seqüência", afirmou Daniele Hypólito, uma das remanescentes da "velha guarda", que deve se despedir da modalidade em Pequim-2008. Já ciente de que a linha de sucessão está definida.