UOL Esporte - Pan 2007
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30/07/2007 - 09h00

Futsal dá ouro ao Brasil, mas não sensibiliza Odepa

Giancarlo Giampietro
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

A seleção brasileira cumpriu no Rio de Janeiro seu compromisso patriótico ao confirmar seu favoritismo no Pan com o ouro. Mas os golaços de Falcão e companhia não foram suficientes para fazer a Odepa (Organização Desportiva Pan-Americanas) enxergar a modalidade com um viés mais positivo.

Flávio Florido/UOL
Após dar um chapéu no goleiro, Falcão marca o primeiro do Brasil na final
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Diferentemente da semi, Falcão apareceu e foi o destaque do jogo que deu o ouro
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Vitória por 4 a 1 deu o ouro ao Brasil na primeira participação do futsal no Pan
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FALCÃO NÃO CHEGA AOS 200 GOLS
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QUAL OURO EMPOLGOU MAIS?
Desde o início do torneio, os integrantes da equipe falaram sobre a responsabilidade de serem embaixadores do esporte que sonha em entrar no calendário olímpico, mas que havia sido avisado de antemão que nem mesmo em Guadalajara-2011 seria mantido.

Ainda assim, eles entraram na competição com a expectativa de que essa negativa poderia ser revertida. "Esperamos sensibilizar os responsáveis pela exclusão", afirmou o técnico Paulo César de Oliveira, o PC, cujo time bateu a Argentina por 4 a 1 na final. O bronze ficou para o Paraguai.

A modalidade se viu em um ginásio acanhado e cheio no complexo do Riocentro, com capacidade para cerca de 3 mil torcedores durante seus cinco dias de jornada. Mas de nada adiantou.

O presidente da Odepa, Mário Vázquez Raña, deu entrevista no sábado, poucas horas depois da conquista do ouro brasileiro e foi inclemente. "O futsal entrou no Pan porque eu atendi ao pedido de meu amigo Carlos", afirmou o dirigente, apontando para o presidente do COB e Co-Rio, Carlos Arthur Nuzman, em entrevista neste sábado.

O receio da entidade em relação à modalidade vai além de sua viabilidade comercial ou esportiva. Filiado à Fifa, o jogo acaba posicionado entre as trincheiras de dois rivais - a federação controladora do futebol no mundo e o COI (Comitê Olímpico Internacional).

"O futsal não é um esporte. É uma ramificação do futebol. A Fifa tem que fazer campanha para ele ganhar status olímpico. Aí pode virar uma modalidade permanente do Pan", disse Raña.

Dentro de quadra, os jogadores acreditam que fizeram o máximo para agradar aos dirigentes.
"Tudo foi perfeito demais e não há um argumento negativo para levantar. Argumentos a favor têm de sobra. Vimos muitos problemas de brigas em outros esportes, mas aqui não teve nada", afirmou Falcão.

Para Nuzman, porém, não há muito que os atletas possam realizar para que a modalidade abocanhe o espaço desejado. "Os jogadores fizeram a sua parte, com elegância, sem tumulto e confusão. Falta os dirigentes perceberem o quão importante é se unir. Campanha olímpica repartida é balela, é equivocado fazer por baixo, sem que quem estiver em cima não se reunir."

O capitão da seleção brasileira, Vinícius, tem uma receita. "Falta diálogo entre Brasil e Espanha e não vejo as duas potências mundiais caminhando juntas. Seria algo importante", disse.

"A gente faz a nossa parte, mas de nada vai adiantar se três ou quatro que decidem não se reunirem e discutam", completou Falcão. "Ainda acredito que isso seja reversível, enquanto tiver uma portinha, a gente vai buscar isso. Ele [o mexicano Raña] pode ter visto que esse esporte é bonito, que pode ir para o país dele. Seria uma regressão muito grande simplesmente por uma disputa política."