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29/07/2007 - 16h14

Quatro anos depois, Saretta se inspira em Meligeni e vira jogos perdidos

Bruno Doro
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

Há quatro anos, Fernando Meligeni protagonizou o momento mais emocionante do Pan-Americano de Santo Domingo. No último jogo de sua carreira, ele salvou cinco match points do chileno Marcelo Rios, ex-número 1 do mundo, para conquistar a medalha de ouro do tênis.

Neste domingo, quatro anos depois da conquista na República Dominicana, outro brasileiro, Flávio Saretta, protagonizou um momento semelhante. Também contra um chileno, desta vez Adrian Garcia, o tenista paulista salvou dois match points, virou um jogo praticamente perdido e colocou a medalha de ouro do Pan-Americano do Rio de Janeiro no peito.

"não assisti aquele jogo ao vivo, mas até hoje, quando vejo, acho que o Fino vai perder. Aquilo ali serviu de lição, foi uma verdadeira aula de superação, de acreditar até o último momento. E serviu para mim hoje. Confesso que não esperava a vitória até o final. Saio daqui extremamente feliz e satisfeito. Com a cabeça muito forte, muito mais do que se o jogo tivesse sido fácil", analisa o campeão pan-americano.

A partida não dramática apenas pela superação do brasileiro. Foram quase duas horas e 40 minutos de jogo, em uma quadra coberta, mas com as laterais abertas, sujeitas ao vento. Originalmente, o jogo estava marcado para 11 horas de sábado, mas a chuva mudou não só o dia, mas o local da partida, que foi transferida do Marapendi, na Barra, para o CT Amil, no Recreio dos Bandeirantes.

"Estávamos esperando jogar ontem às 11 horas da manhã, em uma quadra diferente. Eu acho que se o tempo tivesse ajudado, a quadra estaria lotada, com uma energia gigante a meu favor. Mas choveu, choveu e não deu", lamentou o brasileiro.

O clima de energia, porém, não faltou. Nas arquibancadas acanhadas do CT, cerca de 300 torcedores fizeram muito barulho, torcendo para o brasileiro e o chileno. "A galera foi incrível. Tinha horas em que eu estava precisando de apoio, olhava para a arquibancada e via aquele pessoal pulando. Não tinha muita gente, mas cada barulho era ampliado pelo eco da quadra".

O momento que mudou o jogo aconteceu no nono game do terceiro set, quando Saretta salvou os dois match points. Foi a segunda vez no torneio que ele fez isso. Antes, ele salvou um match point contra o argentino Eduardo Schwank, na semifinal.

"Eu vi a medalha indo pro saco duas vezes. A gente que joga o ano todo, longe do Brasil, mas em situações como essas, em semifinal e final, dificilmente acontecem e você vence o jogo. Eu superei a pressão de ganhar no Brasil, de ser o melhor ranqueado. Levo a lição de que até a bolinha pingar duas vezes, ainda está valendo e posso vencer".