UOL Esporte - Pan 2007
UOL BUSCA

28/07/2007 - 23h19

Brasil precisa de 3 gerações de jogadores para voltar a ganhar

Lello Lopes
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

A seleção brasileira masculina de vôlei viu passar em suas fileiras três gerações de jogadores até voltar a ganhar um título dos Jogos Pan-Americanos. A vitória na noite deste sábado no Rio de Janeiro acaba com um jejum iniciado após a conquista do Pan de Caracas, em 1983.

No Pan da Venezuela, a equipe campeã tinha como base o time que foi medalha de prata no Mundial de 1982, em Buenos Aires, na Argentina. Montanaro, Renan, Bernard e Amauri faziam parte destes dois times. O levantador reserva da equipe era Bernardo Rezende, o Bernardinho, hoje técnico da seleção.

Em Caracas, o Brasil contou também com o reforço do levantador William. Assim, com esse esquadrão, que no ano seguinte seria vice-campeão olímpico em Los Angeles, a seleção não teve problemas para ficar com a medalha de ouro, batendo Cuba na decisão.

A partir daí, o Brasil nunca mais havia voltado ao topo do pódio. Em Indianápolis, em 1987, o time usou alguns atletas que haviam sido vice-campeões olímpicos, como Xandó, Bernard, Maracanã e Renan. Entretanto, o resultado foi fraco: medalha de bronze, atrás de Estados Unidos e Cuba.

A renovação que se ensaiava em Indianápolis tornou-se completa quatro anos depois, em Havana. Um novo grupo de jogadores, treinados por José Roberto Guimarães, buscavam um lugar na equipe.

Nomes como Pampa, Maurício, Carlão, Tande, Marcelo Negrão, Giovane, Jorge Edson e Toaldo, até então desconhecidos do grande público, chegaram a Cuba como franco-atiradores. E a campanha de sucesso foi encerrada na final diante dos donos da casa, que contavam com Despaigne e Diago. Este mesmo time surpreendeu o mundo do vôlei ao conquistar a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos de Barcelona, em 1992.

Em 1995, porém, a comissão técnica decidiu mandar uma equipe juvenil para o esvaziado Pan de Mar del Plata, na Argentina. O Brasil teve uma campanha muito ruim, terminando apenas em sétimo lugar.

A sina do Pan prosseguiu quatro anos depois, em Winnipeg, no Canadá. De volta com a seleção principal, o Brasil mais uma vez parou em Cuba na decisão. Giba, Ricardinho, Gustavo, Nalbert, Marcelinho e André Heller participaram daquela partida.

O ato seguinte desta sina aconteceu no Caribe. Campeão mundial em 2002, o Brasil, já comandado por Bernardinho, chegou ao Pan de Santo Domingo como favorito absoluto ao título.

Mas, cansada após a conquista da Liga Mundial alguns dias antes da competição continental, a seleção atuou dispersa (várias esposas de jogadores veraneavam em Santo Domingo) e foi derrotada pela Venezuela nas semifinais.

A medalha de bronze conquistada posteriormente teve um gosto amargo e serviu de lição: o Brasil, depois disso, ganhou praticamente tudo o que disputou, com direito a outra medalha de ouro olímpica e a mais um título mundial. Até finalmente acabar com o tabu e vencer os Jogos no Rio de Janeiro.

A família Rezende esteve em quadra nas duas pontas dessa série. Em 1983, Bernardinho era o levantador reserva da equipe. Agora, no Rio de Janeiro, a posição coube ao filho do treinador, Bruninho.

"Eu não era nem nascido 24 anos atrás. Aliás, não era nem um projeto", brincou Bruninho, de 21 anos. "Meu avô que deve estar muito contente agora. Isto mostra que a geração dos Rezendes está sempre trazendo uma medalha de ouro."

Bruninho foi convocado para o Pan apenas dois dias antes do início da competição. Ele entrou no lugar de Ricardinho, cortado do grupo pelo técnico Bernardinho.

"A ficha ainda não caiu. Foi muito rápido, não deu tempo de pensar nas coisas", disse o jogador, que conquistou o seu primeiro título pela seleção.