UOL Esporte - Pan 2007
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27/07/2007 - 20h54

Técnico norte-americano reclama de jurado na vitória brasileira

Rodrigo Bertolotto
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

O ouro que quebrou o tabu de 44 anos sem esse metal para o boxe no Pan teve seu tom de polêmica. O treinador do medalha de prata, Demetrius Andrade, disse que a torcida hostilizou a equipe, um jurado prejudicou seu pupilo e que o juiz não puniu o pugilista local, Pedro Lima.

CENAS DA CONQUISTA NO BOXE
Flávio Florido/UOL
Pedro Lima derrotou norte-americano Andrade na decisão dos meio-médios
AFP
Boxe do Brasil não conquistava ouro no Pan-Americano desde a edição de 1963
FOTOS DA VITÓRIA DE PEDRO LIMA
VEJA OS INSTANTES FINAIS DA LUTA
"O jurado cubano [Ignacio Del Puerto] só ficava olhando o placar em vez que prestar atenção no combate. Pelo menos, três golpes claros de Demetrius ele não apontou", se queixou Dan Campbell, em seu sotaque do sul dos EUA.

No boxe amador, a luta é decidida por pontos. Há cinco jurados nas laterais do ringue. E três deles têm que acionar um botão ao mesmo tempo para apontar um golpe válido.

Campbell também reclamou do juiz. "O brasileiro só abraçava meu lutador. Recebeu duas advertências, devia ter sido punido."

Ele também apontou que vários torcedores fizeram sinais ofensivos para a delegação norte-americana, que torcia no setor de atletas e dirigentes. "Era uma torcida muito agressiva", afirmou.

O treinador de Lima, Luiz Carlos Dórea, desdenhou das queixas: "A torcida está de parabéns. Vibrou e aplaudiu. É um exemplo para o mundo."

Quem vibrou muito também foi toda a comissão técnica do Brasil que invadiu o pódio, tirou foto e quebrou no final o protocolo da cerimônia de medalhas. Não adiantou a barreira de quatro agentes da Força Nacional que estava por ali. Tanto assim que o boxeador norte-americano abandonou o cerimonial também para ir ao antidoping e não passou pela entrevista coletiva.

Já o jamaicano e o argentino que ficaram com o bronze não sabiam que fazer diante da algazarra brasileira com a primeira medalha dourada desde o Pan de São Paulo, em 1963.

Um dos que mais queria aparecer era exatamente Acelino Freitas, o Popó. Na hora em que Lima subiu ao lugar mais alto do pódio, o ex-campeão simultaneamente se ergueu perto do ringue e repetiu o gesto de levantar as mãos. "Estava me sentindo um campeão pan-americano como ele", confessou para as câmeras - ele que foi prata em Mar Del Plata-1995.

Nas entrevistas, os atritados Dórea e Popó ladeavam o campeão, disputam o abraço ao lado da nova celebridade dos ringues.