O técnico Lula Ferreira afirma que a versão 2007 da seleção brasileira vai, enfim, primar pelo basquete coletivo. Nesta quinta-feira, na vitória por 98 a 63 contra o Canadá, o time deu ao menos uma amostra de que pode caminhar para isso.
Todos os 11 jogadores do elenco brasileiro fizeram uma cesta no mínimo. Dentro dessa distribuição ofensiva, o pivô Murilo foi mais uma vez o cestinha, com 24.
Além de Murilo, JP Batista (14), Marquinhos (14), Nezinho (11) e Valtinho (10) chegaram aos dois dígitos na pontuação. Marcelinho Machado, com nove pontos, ficou perto.
Até mesmo o pivô Paulão e o ala Teichmann, que serão pouco usados no torneio, fizeram os seus pontos. "O grupo está passando uma energia muito positiva", afirmou Paulão. "Foi um grande desempenho da seleção, tirando a fragilidade do rival. Espero que possamos ter mais alguns jogos desses para eu poder participar", disse Teichmann.
Classificado para a semifinal, o Brasil agora disputa a liderança do grupo, nesta sexta-feira, contra Porto Rico, que também venceu seus dois primeiros jogos. O Canadá já havia perdido na véspera por 82 a 63 e, assim como as Ilhas Virgens, já está eliminado do Pan.
O jogo"Foi importante nossa melhora no rebote defensivo, que nos deu mais chances no ataque. E você pode notar que até no rebote nós tivemos uma boa distribuição", afirmou Lula.
A seleção apanhou o dobro de rebotes do Canadá (36 a 18) e, por isso, aumentou seu número de posses de bola. Também reduziu seu número de erros no ataque. Uma combinação que facilita, e muito, a repartição dos pontos pela equipe foi facilitada.
O ataque teve uma execução eficiente, mas a defesa brasileira se mostrou vulnerável no primeiro quarto.
Depois de abrir oito pontos de vantagem no início de jogo, com 16 a 8, a seleção passou a ter problemas defensivos, principalmente com a linha dos três pontos. De chute em chute de longa distância, os canadenses entraram no jogo e o placar foi de 25 a 23. O Brasil permitiu que o adversário ultrapassasse os 20 pontos pela primeira vez em um quarto - o time havia feito 18 no máximo em uma parcial contra Porto Rico.
No segundo quarto, porém, a marcação foi acertada no perímetro, as oportunidades canadenses foram reduzidas, e o time foi obrigado usar seu fraco jogo interno, que não funcionou, e o Brasil foi para o intervalo com 53 a 37.
A presença massiva do jovem Caio Torres - 2,11 m e 130 kg - no centro do garrafão, à frente da cesta, foi fundamental nesse ponto, apesar de sua falta de capacidade atlética. O pivô compareceu com agressividade em todas as trocas de marcação, alterou muitos arremessos e foi uma âncora defensiva.
O ataque do Canadá continuou desajustado diante da contenção brasileira no terceiro quarto, e a vantagem foi crescendo gradativamente - o terceiro período começou com 75 a 48 -, e Lula pôde mandar à quadra o ala Guilherme Teichmann e o pivô Paulão, que pontuaram logo em seus primeiros arremessos. A dupla não deve ser muito utilizada na fase final.
O quarto final acabou funcionando mais como um treino para a seleção, já que os canadenses não esboçaram nenhuma alternativa tática para tentar uma reação.