UOL Esporte - Pan 2007
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25/07/2007 - 19h00

Em um dia, caratê brasileiro já supera melhor campanha nos Jogos

Bruno Doro
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

O caratê do Brasil só precisou de um dia para superar as melhores campanhas da história da modalidade em Jogos Pan-Americanos. Os ouros de Lucélia Ribeiro e Juarez dos Santos, somada à prata de Carlos Lourenço, superam as seis medalhas de Santo Domingo-03, onde os brasileiros fizeram só um ouro e uma prata.

"Mas isso é só o começo. Pode acreditar que vem mais medalhas por aí. Vamos fazer medalhas em todas as categorias. O time tem capacidade para ser finalista em todas as categorias", garante a agora tricampeã dos Jogos, Lucélia Ribeiro.

"Nunca tínhamos conquistado duas medalhas de ouro em um Pan. Em 95 foi só um, a única medalhas que conquistamos naquele Pan. Em 99 e 2003, só a Lucélia foi campeã", explica o técnico do time, Zé Carlos Oliveira, que conquistou o ouro de Mar del Plata-95.

A boa campanha da modalidade no Pan é fruto de uma estrutura recém-criada, bancada pela Lei Piva. Na preparação para o Rio 2007, a Confederação mandou atletas para estágios no exterior, bancou a vinda de atletas da Europa, onde estão os melhores do mundo, para o país.

"Já são dois anos com verba do COB e pudemos fazer tudo o que pretendíamos, mesmo sem ter patrocínio. É claro que com mais dinheiro, poderíamos ter mais chances de intercâmbio, mas os resultados que vamos mostrar nesse Pan já serão suficientes para provar que o dinheiro foi bem investido", afirmou o treinador.

Além da verba para viagens, foi montada ainda uma equipe com três psicólogos, duas nutricionistas e um fisiologista. "Esse trabalho com psicólogo e nutricionista fez a diferença. A gente tem que abrir mão de muita coisa para ser campeão", elogiou Juarez dos Santos.

O sucesso da modalidade no Pan é também uma aposta para a inclusão do esporte nos Jogos Olímpicos. O caratê esteve perto de ser incluído nos Jogos de 2012, no lugar do softbol ou do beisebol, mas, após ser aprovado em votações preliminares, teve sua inclusão vetada.

"O caratê é o quinto esporte mais praticado do mundo e merecia estar nas Olimpíadas. Mas a história acabou sendo um pouco confusa. Hoje, temos uma liderança que entende os problemas passados e trabalha pensando em como resolver esses problemas, para que o esporte avance", explicou Zé Carlos.

A afirmação do treinador é uma referência à mudança nas disputas da modalidade. "Eram mais de dez tipos diferentes de caratê", lembra o treinador. No Pan de Santo Domingo, por exemplo, foram distribuídas medalhas para o kumitê (luta), que está sendo disputada no Rio 2007, e no katá, hoje fora do Pan, em que o atleta se exibia sozinho.

"O caratê tem um potencial muito grande e só não é olímpico porque não tem visibilidade. Espero que meu tricampeonato abra os olhos das pessoas nessa direção", disse Lucélia.