A brasileira Lucélia Ribeiro se tornou, nesta quarta-feira, a maior campeã em uma categoria individual do esporte brasileiro nos Jogos Pan-Americanos. Ela conquistou a medalha de ouro na categoria acima de 60 kg do caratê e o tricampeonato do Pan.
"Treinei muito para isso. Estou bem feliz porque o título é meu há três Pan-Americanos. As adversárias agora vão ter que esperar mais quatro anos para me derrotar", disse, antes de receber a medalha.
Já com o ouro no peito, e segurando as outras duas medalhas, ela comparou as três conquistas. "A de 99 foi uma surpresa. Eu era quase juvenil, não sabia o que aquilo representava. A de 2003 foi a mais focada, a que eu me preparei. Mas competi com o joelho machucado. Essa de hoje tem sabor de superação".
Lucélia venceu a colombiana Ana Escandon por 2 a 1. No meio do combate, a brasileira, que já tinha vencido a colombiana, foi atendida pelos médicos e só marcou o segundo ponto, da vitória, a 11 segundos do final. "Trocamos golpes e meu nariz acabou sangrando", conta.
A brasileira já tinha enfrentado Escandon na primeira fase do torneio, da qual saiu invicta. Na semifinal, derrotou a cubana Yaneya Gutierrez por 1 a 0. "Foi uma chave muito pesada. Todas as competidoras eram muito boas".
"O caratê vai mostrar a que veio. Todos chegarão às finais. Em 2003 tivemos mais de 80% de aproveitamento. Nesse Pan vai ser melhor".
Outros dois ourosA estréia de Lucélia no Pan foi em 1999, na edição de Winnipeg. Com apenas 21 anos, ela tinha acabado de sair da seleção juvenil, quando se classificou para o Pan. Sua primeira participação não poderia ser melhor.
Ela terminou com a vitória ao derrotar a dominicana Acevedo Fernández. "Foi mágico, não tinha muita noção do que aquela competição significaria para a minha carreira, mas a partir daí o Pan passou a ser um dos meus principais objetivos".
Em 2003, na edição de Santo Domingo, a atleta voltou para ser colocada à prova. Passou no teste ao vencer uma prova com teores dramáticos. Pouco tempo antes da competição, Lucélia descobriu que estava com o ligamento do joelho esquerdo rompido. Mesmo assim decidiu competir o Pan. Invicta, ela ganhou a categoria acima de 58 kg dos Jogos de Santo Domingo e se tornou a primeira atleta do Brasil a ser bicampeã pan-americana.
A derrotada da vez foi a peruana Molly Sanchez, que perdeu na prorrogação, após empate de 1 a 1 no tempo regulamentar. "Tive que superar muita dor e chorei muito no pódio", contou. O motivo, porém não eram as dores, mas o fato de não ter desistido.