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25/07/2007 - 16h09

Da baixada ao subúrbio, Juarez dos Santos é ouro no caratê

Bruno Doro
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

Juarez dos Santos saiu de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, para ser campeão do Pan-Americano do Rio de Janeiro em Campo Grande, no subúrbio do Rio de Janeiro. Com as arquibancadas lotadas de amigos e torcedores, ele venceu o venezuelano Mario Toro por 2 a 0 e conquistou a medalha de ouro acima de 80 kg.

Bruno Doro/UOL
Torcida de Juarez dos Santos, que foi ao ginásio para apoiar o carateca na final
PERFIL DE JUAREZ DOS SANTOS
PERFIL DE CARLOS LOURENÇO
PERFIL DE LUCÉLIA RIBEIRO
"Tem horas que a gente não acredita onde pode chegar. Um dia você está na academia, treinando, e do nada é campeão pan-americano", diz o carateca, imponente do alto de 1,87 de altura, mas com lágrimas nos olhos. "Tem que chorar mesmo. Não tem que ter vergonha, não."

Com três vitórias consecutivas, ele não teve dificuldades para chegar às finais. Os adversários foram o equatoriano Andrés Heredia, que perdeu por 4 a 0, o norte-americano Willian Finegan, derrotado por 5 a 3, e Leandro Monzon, da Argentina por 1 a 0.

"Não achei nove, oito pontos em nenhum momento, acabei ganhando todas de pouco. Teve luta que eu venci de 1 a 0, outras levei ponto no final e tive que ganhar no desempate. Mas Deus vai abrindo os caminhos e a gente aqui embaixo só tem que ir tocando".

Com direito a torcida particular, Juarez não teve problemas na final. Seus pontos saíram apenas no minuto final, mas, com os gritos da torcida, ele chegou perto de pontuar duas vezes antes. "Meu filho estava na arquibancada, correndo. Agora tenho que correr atrás e descobrir onde ele está".

O começo no caratê foi da forma mais amadora possível. Com 11 anos, Wanderlei, um professor de caratê, chegou no bairro onde morava, no Rio de Janeiro, e começou a treinar a "garotada da rua". Juarez, que já havia sido incentivado pela mãe a treinar o esporte, resolveu apostar. A primeira competição não foi um estadual ou um brasileiro, mas sim uma pequena prova no quintal do professor. Juarez foi o campeão.

Desde então, foram quatro medalhas nos Campeonatos Pan-Americanos, cinco títulos sul-americanos e "12 ou 15, nessa média", Brasileiros. "A gente tem que abdicar de muitas coisas pra ser campeão. Eu deixei meu pai de lado, meu filho, minha irmã".

Prata até 65 kg

O público ainda comemorava o ouro de quando Carlos Lourenço entrou para a sua final, contra o também venezuelano Lucio Plumacher. A disputa era uma reedição da primeira fase, na qual Carlos ele já tinha perdido. O combate terminou 2 a 1 para o venezuelano.

"A luta foi justa. O venezuelano é muito bom, foi campeão mundial uma vez e vice em outra. Não dá para pedir muito mais do que isso. Estou muito contente com essa prata", disse o brasiliense, que se sente carioca.