UOL Esporte - Pan 2007
UOL BUSCA

24/07/2007 - 18h58

Futsal vive dilema entre pressão por resultado e satisfazer torcida

Giancarlo Giampietro
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

A discussão que cerca a seleção brasileira de futebol há anos chegou ao futsal. É o dilema entre se contentar com o jogo de resultados ou buscar o espetáculo para agradar à torcida.

O pivô Lenísio não deve mais voltar a jogar no Pan-Americano. O atleta sofreu uma lesão muscular na panturrilha esquerda na estréia contra a Guatemala e já está afastado do restante da primeira fase do torneio de futsal no Rio.

O atleta passou por uma ressonância magnética na segunda-feira à tarde, e o exame constatou um edema muscular. O atleta já iniciou o trabalho de fisioterapia para tentar se recuperar, mas as chances de ele voltar ao Pan são reduzidas.

Segundo o médico da seleção, Aloir Néri Oliveira, a possibilidade de o Brasil ter o jogador em quadra para a seqüência da competição é de "menos de 10%". Ele será novamente avaliado na quinta-feira.
LENÍSIO DEVE FICAR FORA
LEIA MAIS
FOTOS DE BRASIL 8 x 0 CUBA
PC QUER CONTER FALCÃO
Depois de passar dois Mundiais sem título - foi vice em 2000 e terceiro em 2004 -, a equipe se vê dividida entre "apenas" vencer ou buscar a plasticidade que marca a modalidade no país.

Na estréia contra a Guatemala, o Brasil participou de um jogo truncado e venceu por 4 a 1. Nesta terça-feira, diante de Cuba, um rival mais fraco, conseguiu se soltar em quadra e marcou 8 a 0.

"Nossa preocupação é ganhar para compensar os últimos dois Mundiais. Queremos mudar a história, que o nosso futsal volte a ser de vitórias", afirmou o ala Vinícius, capitão da equipe.

O atleta entende que a expectativa do público é sempre ver lances mais expressivos em quadra. Quando o ala Falcão toca na bola na quadra da Arena do Rio centro, o burburinho da platéia já é evidente. Mas a seleção pede um pouco de complacência.

"Fica complicado conciliar as duas coisas. Espero que a torcida entenda. Vamos agradar só quando tiver com o placar garantido", afirmou Vinícius.

Para o técnico PC, o time deve passar por uma fase de ajuste tático antes de voltar aos dribles e golaços. "Alguns ainda não sabem exatamente qual função fazer em quadra, mas já sabem qual é a nossa estratégia. Desde que eles se dediquem à defesa e ao cumprimento dessa parte tática, eles terão a liberdade para se soltar em quadra e jogar com alegria."

Falcão espera que essa adaptação ocorra rapidamente, já que entende que o estilo de jogo da seleção precisa de ousadia para que seja eficiente.

"Acho que estamos jogando com muita responsabilidade, precisamos ser um pouco mais irresponsáveis. Quando fica burocrático, o futsal brasileiro fica igual ao dos outros. Falta alegria, e o que o PC diz é que precisamos de alegria."

Além da convivência com essa pressão, a seleção precisa lidar com a postura excessivamente defensiva dos adversários. "As equipes entram com a marcação muito recuada, o que nos traz uma dificuldade maior. Quando você escapa de um marcador, já dá de frente com outros dois", disse o fixo Neto. "Então primeiro precisamos superar essa barreira. Temos de pensar em ganhar e depois fazer algo bonito."