UOL Esporte - Pan 2007
UOL BUSCA

22/07/2007 - 11h17

Em prova desgastante, Brasil leva prata e bronze na maratona

Giancarlo Giampietro
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

Apesar do percurso inteiramente plano, a maratona feminina no Rio de Janeiro exigiu o máximo das corredoras. A medalhista de ouro, a cubana Mariela González, e as brasileiras Márcia Narloch e Sirlene Pinho, que ficaram com a prata e a bronze, foram para a enfermaria logo após a chegada no Aterro do Flamengo, ao final de 42,195 m de uma prova disputada sob 29ºC e umidade do ar de até 100% às 9h.

EFE
As brasileiras Márcia (esq.) e Sirlene (167) tentavam a liderança no início da maratona
Giancarlo Giampietro
Ao cruzar a linha de chegada, Sirlene (f) e Márcia deixaram a prova de maca
Giancarlo Giampietro
Mariela foi atendida pelos técnicos e seguiu para a enfermaria após o ouro na maratona
PERFIL DE SIRLENE
PERFIL DE MÁRCIA
BRASILEIRAS CONQUISTAM MEDALHAS
VEJA MAIS FOTOS DO ATLETISMO
CUBA NO PAN
As brasileiras tiveram de ser carregadas de maca e foram hidratadas com soro, enquanto a vencedora foi andando amparada por seu staff, depois de marcar 2h43min11 - as outras duas medalhistas fizeram, respectivamente, 2h45min10 e 2h47min36. Das 12 que largaram, apenas oito foram até o fim.

"Foi uma corrida bastante difícil, principalmente por causa da temperatura. Todos nós sofremos muito. E é claro que uma mais que a outra", comentou Mariela. "Então fiz uma corrida segura para tentar buscar pouco a pouco as outras atletas. Minha estratégia foi pensar na medalha, não em nenhuma marca", completou.

As corredoras partiram às 8h30 na praia de São Conrado e passaram por muitos pontos turísticos cariocas - praias de Leblon, Ipanema e Copacabana, além dos arcos da Lapa, o centro histórico, entre outras atrações de um "city tour".

"Correr no Rio é sempre muito difícil por causa da temperatura", comentou Márcia, que competiu com uma lesão crônica no nervo ciático e pensou em abandonar a prova na altura do quilômetro 15. "Mas a maratona é cheia de surpresas. Quando cheguei ao quilômetro 37 já vi que dava para brigar por uma medalha", disse.

Nos primeiros momentos de prova, a argentina Claudia Camargo impôs um ritmo muito forte e liderou durante os primeiros 40 minutos. Até que as brasileiras se destacaram e passaram à frente, abrindo uma boa vantagem em relação ao pelotão.

Com uma hora de prova, Sirlene passou a liderar a maratona de forma isolada. Na altura da primeira passagem pelo Aterro do Flamengo, ela manteve-se à frente, mas a brasileira Márcia foi ultrapassada pela cubana Mariela González, que assumiu o segundo posto.

Com 1h20 de prova, já no centro histórico da cidade, Márcia perdeu o terceiro lugar para outra cubana, Yalen Garcia. Logo em seguida foi ultrapassada também pela mexicana Jéssica Rodrigues. Nesta altura da prova, a diferença entre Sirlene e a segunda colocada, a cubana Mariela, era de 181 m. Sirlene mantinha um ritmo de 14 km/h, enquanto a cubana Mariela começava sua arrancada, com um ritmo de 15,3 km/h.

Às 10h15 da manhã a distância entre Sirlene e Mariela passou a encurtar - 130 m - em um trecho de descida na prova. Faltando 10 km para o final, Narloch, a campeã da maratona de 2003, em Santo Domingo, conseguiu recuperar a quarta posição, mas se manteve atrás das duas cubanas e da brasileira Sirlene Pinho.

Sirlene conseguiu um bom ritmo até a marca da meia maratona, ainda com 30 segundos à frente da segunda colocada. A partir desse ponto, porém, ela foi perdendo rendimento. Com a marca de 30 km, ela liderava apenas por apenas nove segundos. Aos 35 km, ela já estava atrás de Mariela por 40 segundos.

"Eu quis decidir já no começo, fui precipitada. No quilômetro 32 eu senti dores na coxa. E 10 km é uma eternidade na maratona", explicou Sirlene.

Com 35 km percorridos, Mariela já ocupava o primeiro posto com a marca de 2h12min27s, contra 2h13min07s de Sirlene, que aparentava estar exausta. Márcia ocupava o terceiro lugar, com 2h13min45s, abrindo uma boa diferença da quarta colocada.

Às 10h55, Márcia passou Sirlene e ocupou o segundo lugar na maratona. A diferença entre Mariela e Márcia era de 258 km, dificultando a busca pelo bicampeonato pan-americano da brasileira.

O recorde pan-americano, que pertence a chilena Erika Olivera - 2h37min41s - conquistado em Winnipeg não foi superado. Apesar do percurso plano, o calor pode ter retardado um pouco o ritmo de prova.

Mariela Gonzalez passou na casa dos 40 km com o tempo de 2h33min36s. Ela manteve boa distância para Márcia Narloch, que cronometrava 2h34min56s. Faltando menos de 1 km para o final da maratona, Mariela já estava soberana.

Aos 38 anos, Márcia Narloch disputou seu terceiro Pan-Americano. Para a catarinense, a prova foi ainda mais especial por ser disputada em sua segunda casa, o Rio de Janeiro, onde mora há 18 anos.