UOL Esporte - Pan 2007
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22/07/2007 - 21h58

Brigas ofuscam ouros e Rio 2007 vira pancadaria por um dia

Bruno Doro e Rodrigo Bertolotto
Enviados especiais do UOL
No Rio de Janeiro

Um dia que tinha tudo para ser de festa para o Pan-Americano do Rio de Janeiro acabou em briga. E das feias. Neste domingo, dia dos ouros de Ricardo e Emanuel, da seleção masculina de handebol e do campeão mundial João Derly, confusões mancharam a imagem dos Jogos.

DOMINGO: DIA DE TUMULTOS
Flávio Florido/UOL
Na ouro do handebol, os argentinos
se irritaram e partiram para a briga
Flávio Florido/UOL
Já no judô, o ex-atleta Aurélio Miguel se desentendeu com a delegação cubana
FOTOS DO DIA DO JUDÔ
IMAGENS DO DIA DO HANDEBOL
PÁGINA DO JUDÔ
PÁGINA DO HANDEBOL
QUADRO DE MEDALHAS
Pela manhã, o público lotou o Pavilhão 3 do Riocentro para assistir à final masculina do handebol. Em quadra, os rivais históricos Brasil e Argentina deram show até o finalzinho do jogo. A segundos do encerramento, porém, uma perseguição ao ponta Léo deu ao jogo uma cara de batalha campal.

Por cinco minutos, brasileiros e argentinos trocaram empurrões, socos e pontapés. Nem mesmo a Força Nacional, a tropa de elite que cuida da segurança dos Jogos, conseguiu apartar os brigões. Até mesmo torcedores entraram em quadra.

Após a partida, argentinos trocaram insultos com pessoas das arquibancadas e os jogadores atiraram garrafas d'água em torcedores. O clima ficou tão tenso que a Argentina não foi à entrevista coletiva, obrigatória após cada partida do Pan, e saiu escoltada até o ônibus.

A segunda confusão aconteceu logo ao lado da quadra de handebol. No Pavilhão 4A, no judô, quem teve menos culpa pela briga foram os lutadores. Após uma decisão polêmica dos juízes na final até 52 kg feminina, que deu a vitória da cubana Sheila Espinosa sobre a brasileira Érika Miranda, torcedores, revoltados, atiraram objetos na área de luta.

O técnico cubano comemorou ostensivamente a vitória, provocando os brasileiros. O clima esquentou tanto que integrantes da delegação cubana brigaram com pessoas credenciadas em uma área de acesso restrito, mas visível por toda a arquibancada.

Ex-atletas, que deveriam dar exemplo, deram vexame. Regla Torres, ex-jogadora de vôlei, foi uma das envolvidas na briga, assim como o tricampeão olímpico Teófilo Stevenson e o campeão olímpico Aurélio Miguel. Até mesmo em uma área "nobre" a Força Nacional teve agir.

Os combates ficaram paralisados por cerca de uma hora. Quando Espinosa e Érika subiram ao pódio e o hino cubano foi tocado, além de vaias, os torcedores se viraram de costas. O gesto foi repudiado pelo presidente da Confederação Brasileira de Judô, Paulo Wanderley.

"Assim fica difícil pensar em Olimpíadas no Brasil. Não só pelas brigas, mas pelo público até. Vaiar durante a competição, tudo bem. Mas vaiar no hino, isso é falta de respeito. E tudo isso começou na cerimônia de abertura", criticou o dirigente, lembrando do episódio que fez o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, não abrir oficialmente os Jogos Pan-Americanos.

Foram os primeiros incidentes graves de violência do Pan, mas o clima de tensão já era notado anteriormente. A prisão de um repórter de uma TV brasileira, por suposto desacato à autoridade em uma prova de remo, foi apenas uma amostra da truculência que alguns membros da Força Nacional usam no trato ao público e credenciados.

Apesar de, antes do Pan, a Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública), responsável pela segurança do evento, ter alardeado que seriam usados armamento não letais no plano, o que se vê não é bem isso.

Dentro das instalações as armas podem estar guardadas, mas na porta de estádios e ginásios, os policiais ostentam metralhadoras e, alguns, fazem questão de empunhar revólveres em certas ocasiões.