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21/07/2007 - 18h26

Judô feminino sai da sombra e pode superar homens pela 1ª vez

Bruno Doro
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

As meninas cresceram, apareceram e não estão mais na sombra dos meninos. Neste sábado, o judô feminino confirmou sua independência e, com o ouro conquistado por Danielle Zangrando, garantiu que, no Pan-Americano do Rio de Janeiro, os destaques da modalidade são as mulheres.

Flávio Florido/UOL
Danielli Yuri mostra a medalha de prata conquistada na categoria até 63 kg
Flávio Florido/UOL
Na categoria até 57 kg, Danielle Zangrando comemora a conquista da medalha de ouro
DANIELLE ZANGRANDO É OURO
DANIELLI YURI CONQUISTA PRATA
GUILHEIRO TAMBÉM É PRATA
VEJA FOTOS DAS LUTAS
Pela primeira vez, o desempenho do judô feminino pode ser melhor do que o masculino. Com duas medalhas de ouro para mulheres, os homens estão um primeiro lugar atrás das mulheres. Apenas Tiago Camilo conseguiu o ouro para o time masculino.

Em três dias, foram dois ouros (Danielle e Edinanci Silva), duas pratas (Danielli Yuri e Mayra Aguiar) e um bronze (Priscila Marques), em 100 % de aproveitamento da equipe feminina. A masculina soma um ouro (Tiago Camilo), duas pratas (Leandro Guilheiro e João Gabriel Schlittler) e um bronze (Luciano Corrêa). Só Flávio Canto, que se machucou, não levou medalha até agora.

"Acho que encontramos a nossa identidade. Não somos mais um detalhe do time masculino. Somos um time próprio e uma equipe muito unida. O judô feminino nunca teve uma equipe tão homogênea como essa", disse Danielle Zangrando, elogiando muito a responsável por isso, a ex-judoca e hoje técnica Rosicléia Campos.

"Muitos criticavam a Rose, por ela agir como mãezona, mas ela entende os nossos problemas. Já foi atleta, sabe como é o nosso dia-a-dia. Trabalhamos muito, sofremos, ficamos em lugares que não são nada agradáveis para chegar até aqui", elogia Danielle.

A grande diferença da "gestão Rose" do judô feminino foi a separação das duas seleções. Há dois anos, a equipe feminina tem calendário próprio e não mais viaja ofuscada pela masculina.

"Hoje, os meninos sentem falta da gente quando viajam. Mas esse independência que conquistamos nos fez crescer bastante. E o resultado está saindo nesse Pan. Estamos fazendo história", completa Danielle.

O sucesso, porém, não deve parar com essa geração. No Pan, foram medalhistas veteranas como Edinanci Silva, 30, e Mayra Aguiar, 15. Uma das preocupações das mais experientes, como Danielle, 28, e Priscila Marques, 29, foi blindar as mais novas.

"Nosso papel é servir como escudo, porque a cobrança é grande", diz Danielle. "Elas ajudam bastante, falando como a gente deve se preocupar. Eu, particularmente, usei muito essa ajuda. Porque para mim é tudo novo, chegava a me assustar com tudo isso. Às vezes fujo de entrevistas", conta Danielli Yuri.

O resultado desse sábado já fez as brasileiras superarem o último Pan, de Santo Domingo-2003. Na República Dominicana, foram um ouro, uma prata e dois bronzes. "E tem muito mais vindo por aí", avisa Rose. Neste domingo, lutam as brasileiras Daniela Polzin (até 48 kg) e Érika Miranda (até 52 kg).