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19/07/2007 - 17h24

Brasil volta a falhar em momentos decisivos e fica com a prata

Lello Lopes
Enviado especial do UOL
No Rio de Janeiro

A história se repetiu. O Brasil voltou a falhar nos momentos decisivos e deixou escapar nesta quinta-feira a sua primeira medalha de ouro em esportes coletivos nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. No ginásio do Maracanãzinho a seleção feminina de vôlei perdeu para a arqui-rival Cuba por 3 sets a 2, com parciais de 25-27, 25-22, 22-25, 34-32 e 17-15, e ficou com a medalha de prata na competição. A seleção nacional desperdiçou seis match points na partida, quatro deles no quarto set e dois no tie-break.

Flávio Florido/UOL
Paula Pequeno vibra: Brasil teve seis chances de fechar a partida a seu favor
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Fabiana vê bola de ataque de Cuba cair do lado brasileiro: rivais não perderam o foco
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As brasileiras, ao contrário, falharam na hora decisiva e foram derrotadas em casa
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A derrota no Pan foi o segundo revés seguido da seleção feminina em uma final
PÁGINA ESPECIAL DE VÔLEI
SELEÇÃO FEMININA AMARELOU?
VEJA FOTOS DA DECISÃO DO VÔLEI
PERFIL DAS JOGADORAS DO BRASIL
IMAGENS DA DERROTA BRASILEIRA
Apesar do apoio maciço da torcida, o time comandado por José Roberto Guimarães repetiu os erros da Olimpíada de Atenas-2004 e do Mundial do Japão, no ano passado. Assim, viu Cuba recuperar a hegemonia no torneio feminino de vôlei do Pan. As caribenhas, que nas duas últimas edições ficaram com a prata, agora têm oito títulos nos Jogos. Já o Brasil segue com apenas três medalhas de ouro, conquistadas em Chicago-1959, São Paulo-1963 e Winnipeg-1999.

Além de Brasil e Cuba, a seleção dos Estados Unidos também completou o pódio feminino do vôlei no Pan ao vencer o Peru por 3 sets a 0, com um triplo 25-22, na decisão do terceiro lugar.

"Foi um jogo muito igual. É difícil explicar quando um time vence por dois pontos no tie-break. Precisamos rever o jogo", lamentou o técnico do Brasil, José Roberto Guimarães.

Este é o segundo campeonato seguido que o Brasil perde a final no tie-break. Em novembro do ano passado, a seleção foi vice-campeã mundial caindo diante das russas. No jogo realizado no Japão, as brasileiras venceram o primeiro set, deixaram as adversárias virarem o placar da partida, mas conseguiram forçar o set de desempate. Na quinta parcial, contudo, apesar de ter marcado os primeiros pontos e chegar a abrir 13 a 11, as brasileiras se desequilibraram no final, permitindo a virada por 15-13 e a vitória da Rússia, em um ponto de Gamova, após um erro de passe da defesa brasileira.

Nos Jogos Olímpicos de Atenas-2004, as russas foram as responsáveis pela derrota brasileira nas semifinais, na virada mais constrangedora da atual geração da seleção brasileira. O Brasil venceu os dois primeiros sets, teve seis chances de fechar o jogo na quarta parcial, mas desperdiçou todas. No tie-break, o time nacional também teve chance de fechar, mas, em um ataque pra fora de Mari, a vitória foi russa.

Na disputa pelo bronze, com Cuba, as brasileiras mostraram o abatimento depois do resultado negativo contra as russas e perderam por 3 sets a 1. Assim, as cubanas deixaram o Brasil fora do pódio pela primeira vez desde as Olimpíadas de Barcelona-1992.

Na final do Pan 2007, as cubanas conquistaram mais um triunfo diante das brasileiras. As duas seleções haviam se encontrado em duas finais pan-americanas antes dos Jogos do Rio, com uma vitória para cada lado. Cuba venceu em Havana-1991 e perdeu em Winnipeg-1999. Agora desempata o placar a seu favor, com o "bônus" de vencer na casa das brasileiras, em um ginásio do Maracanãzinho lotado.

O jogo
O Brasil começou o jogo desta quinta com a levantadora Fofão, as centrais Walewska e Fabiana, as pontas Paula Pequeno e Sassá, a oposto Sheilla e a líbero Fabi. E encontrou muita dificuldade no começo da partida, principalmente por causa do forte saque cubano. Como o passe brasileiro não funcionou direito, as atacantes pararam no bloqueio das caribenhas.

Cuba abriu 5-1 de vantagem e obrigou o técnico José Roberto Guimarães a pedir tempo. Aos poucos, o Brasil começou a passar melhor, e Sheilla e Paula Pequeno diminuíram a vantagem.

Dois pontos de Paula, um no ataque e outro no bloqueio, fizeram o Brasil passar à frente do marcador pela primeira vez (13-12). As duas equipes passaram então a se alternar na liderança.

O set foi definido nos últimos pontos. Dois bloqueios seguidos, o último deles conseguido pela levantadora Fofão, deram a vitória ao Brasil por 27 a 25.

Na segunda parcial, Cuba usou a mesma tática de sacar forte. Com dois aces, abriu três pontos de vantagem (6-3), obrigando novamente o Brasil correr atrás da diferença.

Desta vez, a reação brasileira demorou mais a chegar. O país só passou à frente do placar no ponto que levou ao segundo tempo técnico (16-15), com Sassá em uma jogada de sorte.

Cuba não se entregou, e voltou a dominar o jogo. Um ataque para fora de Mari deu o set point às caribenhas. Na seqüência, Sheilla ficou no bloqueio e definiu a parcial em 25-22 a favor das cubanas.

No terceiro set, as cubanas aproveitaram os erros do Brasil para largarem na frente. As brasileiras, entretanto, não perderam a concentração. E com um ace de Fabiana assumiram a liderança do marcador (6-5). Um outro ponto de saque, agora marcado por Sheilla, levou o time ao tempo técnico com mais vantagem (8-6).

As cubanas ainda tentaram segurar a equipe do Brasil, mas um ponto de Walewska fez com que a diferença chegasse a três pontos (15-12). Dois erros seguidos das brasileiras deixaram a partida empatada (17-17).

Zé Roberto fez então duas modificações, colocando em quadra Carol Albuquerque e Regiane e tirando Fofão e Sheilla. As mudanças deram resultados, e o Brasil voltou a dominar o jogo. Um bloqueio de Regiane colocou a equipe novamente dois pontos na frente (20-18).

Cuba se desestabilizou, o Maracanãzinho explodiu em gritos e o Brasil se sobressaiu, fechando o set em 25 a 22, após um ataque para fora de Calderón.

Na última parcial, o equilíbrio prevaleceu no início. Nenhum time conseguiu abrir vantagem até Cuba fazer 11-8 com um bloqueio sobre Paula Pequeno. Zé Roberto tentou reverter a situação colocando Carol Albuquerque e Regiane novamente em quadra.

A diferença, que chegou a ser de cinco pontos (15-10), caiu para dois (15-13). Mas a reação parou por aí. E Cuba novamente colocou cinco pontos de frente (19-14). Fofão e Sheilla voltaram à quadra e o Brasil reagiu novamente. Ao som de "vamos virar", ecoado por toda a arquibancada, o time marcou cinco pontos seguidos e conseguiu o empate.

Cuba teve ainda dois set points, mas permitiu uma nova reação do Brasil, que teve quatro chances de fechar o jogo. Como a seleção não aproveitou, as cubanas ganharam a parcial por 34 a 32.

A vitória animou Cuba no tie-break, e as caribenhas abriram 2-0. Mas a excelente passagem de Sassá no saque fez com que o Brasil marcasse cinco pontos seguidos, construindo uma boa vantagem.

O Brasil, então, tentou a administrar a diferença, mas Cuba virou para 10-9 com um bloqueio ataque de Calderón. Na seqüência, Sheilla colocou o Brasil de novo na frente. A seleção teve dois match points, mas permitiu a virada de Cuba que ganhou por 17 a 15 em uma bola duvidosa.

"Cuba acabou vencendo em uma bola de sorte. Quem definiu foi a bandeira", disse Zé Roberto, que preferiu não polemizar com a arbitragem. "Acho que a arbitragem foi boa. Não tenho nada a dizer."