UOL Esporte - Pan 2007
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19/07/2007 - 21h57

No mano a mano, Brasil tropeça e Cuba define na busca do ouro

Bruno Doro, Lello Lopes e Rodrigo Bertolotto
Enviados especiais do UOL
No Rio de Janeiro

Tem o fator casa, a torcida a favor. Tem o investimento no esporte nacional nunca antes visto. Nada disso, porém, fez o Brasil deixar de repetir a tradição de ter pouco aproveitamento quando chega a uma final olímpica ou pan-americana (ou, para ser mais popular, "amarelar"). O quadro de medalhas desta quinta-feira e uma comparação com os algozes cubanos mostram isso.

DERROTAS DO DIA PARA CUBA
Folha Imagem
Schlittler (branco) foi derrotado por cubano em final polêmica dos pesados no judô
Flávio Florido/UOL
Brasil perde vantagem no fim cai diante de Cuba no 5º set da final do vôlei feminino
FOTOS DA PRATA DE SCHLITTLER
VEJA CENAS DA FINAL DO JUDÔ
BRASIL FICA COM A PRATA NO VÔLEI
VEJA CENAS DE CUBA 3 x 2 BRASIL
Os comunistas têm 20 ouros e seis pratas. Das sete finais que disputaram até agora no Pan, venceram seis - um aproveitamento de 85,7%. Quando vão decidir, os comandados de Fidel Castro desequilibram.

Já os brasileiros somam mais pratas que ouros (14 contra 11), e só venceram uma decisão de um contra um - com Diogo Silva, no taekwondo. Por outro lado, foram quatro derrotas em disputas cara a cara pelo ouro, ou seja, apenas 20% de aproveitamento.

As derrotas no vôlei e no judô diante de Cuba mostram que não se pode vacilar diante deles. Tanto no tatame quanto na quadra, as disputas foram apertadíssimas, mas a seleção feminina e o judoca Oscar Brayson mostraram frieza e determinação na hora H.

Já o Brasil teve outra vez de explicar por que perdeu. "É difícil explicar quando um time vence por dois pontos no tie-break. Precisamos rever o jogo", foi a primeira reação do técnico vôlei do Brasil, José Roberto Guimarães. Ele já demonstrava preocupação antes da competição começar, pela pressão sobre suas subalternas - o que acabou acontecendo.

Já o técnico da equipe masculina de judô, Luiz Shinohara, criticou seu pupilo João Gabriel Schlittler principalmente no tempo de desempate, o Golden Score. "Faltou iniciativa. Ele ficou preso em golpes que não deram certo. Ele não conseguiu sair do jogo cubano".

O esporte brasileiro nunca teve tanto dinheiro, graças à lei Piva, que destina 2% do total arrecadado com as loterias federais. Mas Cuba recebeu mais dinheiro com um acordo de intercâmbio com a Venezuela de Hugo Chávez, que atualmente cumpre o papel de financiador da economia cubana que um dia foi da União Soviética.

Com essa verba suplementar vinda de Caracas, a ilha pretende parar a linha descendente nos últimos Pans. Em Havana-1991 e Mar Del Plata-1995, os comunistas passaram fácil da marca centenária de ouros (130 e 113, respectivamente).

Nos Pan-Americanos seguintes, o número caiu para 70 medalhas douradas em Winnipeg e 72 em Santo Domingo-2003. No Rio, a projeção cubana é igualar e se possível ultrapassar essas marcas. Mas, se continuar decidindo a seu favor as finais, esse Pan pode sair melhor que a encomenda.

Já o Brasil precisa de mais sorte, garra e cabeça fria para que no fechamento deste Pan não aconteça como no final desta quinta: o país-sede atrás do Canadá justamente por duas decisões perdidas. Afinal, o objetivo declarado do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) para Rio 2007 é superar os canadenses.