A brasileira Natália Falavigna conquistou nesta terça-feira a medalha de prata nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro. Ela perdeu a final da categoria acima de 67 kg do taekwondo para a mexicana Rosário Espinoza em uma decisão que aconteceu apenas no golden score e foi criticada pela equipe brasileira.
Natália Falavigna lamenta com seu técnico a derrota na revanche contra mexicana |
PERFIL DE NATÁLIA |
Com o resultado, Falavigna deixou escapar a chance de revanche contra Espinoza. Em maio, nas semifinais do Campeonato Mundial, a mexicana derrotou a brasileira por 5 a 4. Na seqüência a atleta ganhou o título, que havia sido conquistado pela brasileira em 2005.
Com apoio maciço da torcida, que começou a lotar o Pavilhão 4 do Riocentro mais de duas horas antes do início combate, Falavigna dominou a mexicana por quase toda a luta, mas falhou nos momentos finais.
"Fiz uma luta tática, tentando levar o 1 a 0, lei bem até o fim, mas uma questão de encaixe de golpes e interpretação dos juízes definiu a luta", analisou a brasileira.
As duas se cumprimentaram amistosamente no início do combate. Com 45 segundos, assim que a torcida brasileira começou a fazer barulho batendo o pé no chão, Falavigna marcou o primeiro ponto.
O segundo round foi de estudos. Nenhuma das duas lutadoras conseguiu acertar a adversária. Em desvantagem, a mexicana partiu para o ataque no último round. E depois de ter derrubado duas vezes a brasileira conseguiu pontuar faltando 30 segundos.
Falavigna ainda acertou um golpe nos segundos finais, mas o ponto não foi contabilizado. Com o empate em 1 a 1, a decisão foi para o golden score, no qual o atleta que marcar o primeiro ponto ganha a luta. E logo com oito segundos a mexicana marcou um ponto, levando a medalha de ouro para casa.
"Ela foi roubada. Visivelmente foi a Natália quem deu o primeiro golpe", reclamou o técnico da brasileira, Fernando Madureira. A atleta brasileira e a comissão técnica do país chegaram a comemorar o golpe antes de perceberem que o ponto tinha sido anotado para a mexicana.
A vitória de Espinoza provocou uma reação indignada da torcida. "Juiz, ladrão, porrada é a solução", e "Edílson, Edílson" foram os gritos mais ouvidos no Riocentro.
Abalada, Falavigna deixou o dojo chorando bastante. E contestou também a marcação dos árbitros. "Vários golpes que eu dei eles não computaram e isso influenciou no resultado", falou, com os olhos marejados.
Principal nome do taekwondo brasileiro, Falavigna começou no esporte em 1998. Dois anos depois, sagrava-se campeã mundial júnior. O grande título, porém, aconteceu em 2005, quando se tornou campeã mundial na categoria adulta.
Apesar das conquistas, Falavigna sofre com a falta de estrutura do taekwondo no Brasil. Sem adversárias à altura, passa boa parte do ano sem conseguir lutar. Além disso, é obrigada a treinar com homens. Antes do Mundial, ela reclamou publicamente da Confederação Brasileira de Taekwondo, que não mandou os atletas para torneios de preparação no exterior.
Com a prata de Falavigna, o Brasil encerra sua participação no taekwondo no Pan com resultado altamente positivo. O país conquistou quatro medalhas, sendo uma de ouro, duas de prata e uma de bronze.
O desempenho é parecido com que o país tinha conseguido em todos os outros Jogos: um ouro, duas pratas e três bronzes.