Teve o barulho da torcida. Teve a visibilidade da conquista da inédita medalha pan-americana. "Apareci em todas as TVs, os jornais e os sites", se orgulhava Guilherme Pardo ao sair da derrota na semifinal das duplas masculinas do badminton (não há disputa de terceiro lugar no esporte).
O sonho de conseguir algo mais que um bronze, porém, parou nas raquetadas norte-americanas de Howard Bach, nascido no Vietnã, e Bob Malaythong, vindo do Laos. Bem que a torcida brasileira fez barulho no silencioso badminton, mas não foi suficiente.
Até vaiou quando os forasteiros sacavam. "Não foi muito educado, mas é normal. Temos que lidar com isso", disse Malaythong. Mesmo sendo uma espécie de tênis com peteca, o barulho foi liberado durante a partida nos últimos anos. E os brasileiros abusaram do recurso. Valeu o coro "sou brasileiro, com muito orgulho, com muito amor". Teve até um "vamos virar" justo quando os rivais estavam para fechar em 21/13 o primeiro set (mesmo placar do segundo).
"A gente sofreu com o ritmo de jogo. Eles são muito rápidos, uma velocidade que não se viu nesse Pan", comentou o outro Guilherme da dupla brasileira, Kumasaka -os torcedores gritavam "vamos Gui", incentivo que valia para os dois.
No final do jogo, a torcida comemorou mesmo com a derrota, apesar dos brasileiros saírem cabisbaixos. Para animar, puxaram coro "peteca, peteca". Pardo atendeu o público e lançou várias. "Não é momento rock star. É uma retribuição para o público que veio de Campinas e São Paulo, viajou durante toda a noite para ver a gente." Depois do jogo, as petecas, descabeladas, perdeu seu valor de mercado e ficam como recordação.
Recordação também vai ser a participação brasileira. "Dormi sorrindo e acordei sorrindo hoje", diz Kumasaka sobre a classificação para a semifinal. "É um sonho que estava entalado desde Winnipeg-1999", completou Pardo. Como brinde, o badminton deve ganhar mais dinheiro da Lei Piva, afinal, feitos pan-americanos e olímpicos elevando a carga de verba para as modalidades.
Já os norte-americanos querem mais. "Nosso jogo é atacar e forçar sempre", diz Malaythong, que migrou com a família do Laos (Sudeste Asiático) para Washington aos oito anos de idade.
Já o companheiro saiu aos três anos de Saigon (Vietnã) para acompanhar os pais que abriram uma lavanderia em San Francisco. "Somos rápidos porque treinamos com o melhor sparring do mundo, o indonésio Tony Gunawan", dá a receita Bach.
Na final, que acontece nesta quarta, eles enfrentam os canadenses Mike Beres e William Milroy. Mas os norte-americanos são favoritos, afinal, Bach já foi campeão mundial em 2005 com outra dupla.